VIVA A EUROPA!

A França cumpriu o que se esperava: Macron é o novo Presidente do País que inventou a igualdade, a liberdade e a fraternidade. Ganhou o candidato liberal que uniu as esquerdas e uma parte da direita francesas e que se apresentou como o defensor da Europa, ao contrário da outra candidata, que pelo que fazia crer apenas defendia a França, ou melhor, pensava que defendia a França sem a Europa.

Emmanuel Macron apareceu do nada comparativamente a todos os outros candidatos que se apresentaram nesta corrida eleitoral, supostamente, mais preparados e com o apoio das verdadeiras máquinas partidárias. Macron soube usar um discurso abrangente e adequado à realidade dos tempos e das novas gerações.

A extrema-direita francesa, através de Marine Le Pen, pretendeu mais uma vez reduzir a Europa, diminuir a força e a influência do velho continente e, em contrapartida, alimentar o ego dos franceses, prometendo-lhes de forma categórica a possibilidade de poderem voltar a exibir a exuberância dos tempos áureos do passado, como se isso fosse tão fácil como carregar num botão. O mundo já não é o mesmo desse tempo e a candidata não se deu conta disso e pensou que os franceses alinhavam pela facilidade do seu discurso.

Uma juventude que nasceu nas amplas liberdades e que nunca conheceu fronteiras não iria, agora, seguir os conselhos e os princípios de quem quereria fechar a França ao mundo, a troco da belle époque que os seus avós conheceram e sem que isso fosse uma certeza garantida. Foi uma visão demagógica que só vê um lado da vida e esquece as consequências negativas que uma medida dessas acarretaria.

Com a vitória de Macron tudo será diferente em relação ao passado. Os líderes partidários terão de repensar o seu posicionamento e acordarem de vez para a vida. As pessoas são cada vez menos seguidistas, estão bem informadas e sabem, perfeitamente, o que querem. Os políticos tradicionais, dos partidos históricos, ficaram adormecidos com o tempo e parecem ignorar a evidência de que vivemos num mundo, cada vez, mais global e em constante mutação.

Emmanuel Macron tem apenas 39 anos e é o mais jovem Presidente da França desde o tempo de Napoleão. Foi ministro da Economia do anterior Presidente, o socialista François Hollande, até ao ano passado. A um ano das eleições demarcou-se do poder socialista, afirmou-se como um político do século XXI, nem de esquerda nem de direita, e deu origem a um novo movimento que desigou de “Em Marcha”, curiosamente com as iniciais do seu nome.

De início não foi fácil, pois as críticas e as acusações vieram de todos os setores políticos. Agora é ele o Presidente de todos os franceses e muitos dos que o acusavam e criticavam estão de rastos e quase desaparecidos do mapa político. A França vai iniciar novo ciclo com os pés bem firmes na Europa. Os mercados têm reagido como seria de esperar e se uma situação política idêntica vier a ocorrer na Alemanha, nas próximas eleições de 24 de setembro, significará que a Inglaterra escolheu mal o brexit e que ficará mais isolada e com soluções difíceis à vista.

A Direção