TRUMP DAS ARÁBIAS

A diplomacia no Médio Oriente sempre foi um trabalho sensível, sério e só possível para quem está apto e vocacionado para gerir conflitos e tempo, em simultâneo. Toda aquela região sempre esteve no centro das maiores confusões, por razões de fé, crença, religião ou o que se queira chamar.

Donald Trump foi ao Médio Oriente e começou por reunir, na Arábia Saudita, com 50 chefes de Estado da região, numa tentativa conciliadora para se acabar com o terrorismo e o fanatismo religioso que está na base de tudo. Depois foi a Israel, o seu aliado de sempre; de seguida à Palestina; seguiu-se o Vaticano, fechando assim o ciclo religioso; depois passou pela sede da NATO, em Bruxelas, para ouvir e criticar os seus aliados; e, finalmente, em Itália, reuniu-se com os mais ricos do mundo.

Pelo meio, Trump esqueceu-se que os árabes estão divididos entre sunitas e xiitas. E, se deu toda a atenção aos primeiros, esqueceu-se por completo dos outros. A reação não se fez esperar por parte do Irão que de imediato acusou Washington de estar a armar em grande escala os sauditas e que depois quer exigir ao governo de Teerão controlo sobre o seu programa nuclear. São estas incongruências políticas que sempre estiveram na base dos conflitos e que pelos vistos vão continuar. Não nos podemos esquecer que é a partir da Arábia Saudita que emergem os maiores radicalismos. Bin Laden foi o maior exemplo.

Entre as divergências árabes, há Israel. O povo judeu viveu, durante séculos, dividido e espalhado por todo o mundo, com especial incidência na Europa. A Palestina era uma região pertencente ao império otomano e era habitada por muçulmanos, cristãos e uma pequena comunidade de judeus, em Jerusalém. Após a I Guerra Mundial, a Inglaterra tomou conta da Palestina e, desde então, a população judaica foi aumentando, embora sempre em minoria face aos árabes. Apesar disso, sempre se guerrearam sem que a Inglaterra pudesse pôr cobro aos conflitos.

Após a II Guerra Mundial, a Inglaterra deixou o domínio do mundo árabe e vários países declararam a sua independência. Por decisão da ONU, a Palestina foi dividida em dois Estados, um árabe e outro judeu. Estava criado o Estado de Israel. Mas aconteceu que no dia imediato à sua independência e consequente saída dos ingleses da região, os vizinhos árabes tentaram ocupar o território judaico e, desde então, os conflitos nunca mais pararam.

As guerras no Médio Oriente têm influenciado todo o mundo, pois é daquela região que provém a maior parte do petróleo. Os Estados Unidos passaram a exercer o papel de polícias e controladores para a manutenção da paz. O certo é que nos últimos 70 anos ainda não conseguiram esse objetivo, nem sequer travar as consequências radicais que as novas gerações foram fomentando.

Com o novo armamento a fornecer à Arábia Saudita, os Estados Unidos vão alterar a preponderância de forças no terreno. Até aqui, contavam-se as armas entre Israel e Irão, agora entra outro beligerante para o cenário de conflito. Entretanto, a juventude palestiniana continua a substituir a caneta pela arma, os estudos pelos atentados, o mesmo que dizer que em vez de paz vamos continuar a ter guerra e guerrilha.

JP