

O primeiro-ministro Justin Trudeau está a abandonar a sua promessa de longa data de mudar a forma como os canadianos votam nas eleições federais.
Em uma carta de mandato para a recentemente nomeada ministra das Instituições Democráticas, Karina Gould, Trudeau deixa claro que a reforma eleitoral – antes uma prioridade para o governo liberal – já não está mais na agenda.
“Mudar o sistema eleitoral não estará no seu mandato”, escreve o primeiro-ministro na carta, divulgada na quarta-feira.
Uma variedade de consultas em todo o país mostrou que os canadianos não estão a clamar por uma mudança na maneira como escolhem o seu governo federal, continua a carta. Também exclui a possibilidade de um referendo nacional.
Trudeau prometeu repetidamente – durante a campanha, enquanto o líder Liberal, e, num discurso do trono, como primeiro-ministro – se livrar do atual sistema de votação bem a tempo da eleição federal de 2019.
O deputado novo democrata Nathan Cullen, o crítico da reforma democrática do partido, criticou a posição de Trudeau durante uma conferência de imprensa no foyer da Câmara dos Comuns.
Os conservadores, que haviam pedido um referendo, provavelmente ficarão satisfeitos com o estado atual das coisas, mas sem dúvida vão criticar o governo por quebrar um compromisso de campanha tão proeminente.
Há também alguns novos assuntos na carta de mandato.
Trudeau quer que Gould, o ministro da Defesa Harjit Sajjan e o ministro da Segurança Pública, Ralph Goodale, encontrem maneiras de defender o sistema político canadiano contra as ameaças cibernéticas e os hackers (piratas informáticos) – uma possível consequência da “fraude eleitoral”.
A carta também pede a Gould para tomar a liderança no desenvolvimento de legislação para trazer regras mais rigorosas – e maior transparência – para angariação de fundos políticos, uma resposta a meses de manchetes negativas sobre a denominada angariação de fundos de dinheiro em troca de acesso aos representantes Liberais.
A prometida legislação exigirá que os ministros do elenco governamental, líderes de partidos e candidatos à liderança publicamente anunciem as suas angariações de fundos com antecedência, e divulguem um relatório após o fato com detalhes do evento.
A carta também repete compromissos anteriores, como revogar alguns elementos da anterior (Lei) Fair Elections Act do governo conservador e explorar a ideia de um comissário independente para organizar debates dos líderes durante as eleições federais.
Também inclui a revisão dos limites de gastos da campanha e a ideia de trabalhar com o presidente do Conselho do Tesouro, Scott Brison, e com a ministra da Justiça, Jody Wilson-Raybould, para aumentar a abertura do governo, incluindo a revisão da Lei de Acesso à Informação.
Fonte: Canadian Press