tragédia em London e o efeito ‘snowball’

Correio da Manhã Canadá

A recente tragédia que aconteceu em London, Ontário, chocou todos aqueles que acreditam que uma nação, uma comunidade e uma pessoa individual deve ser respeitada independentemente da sua fé religiosa e da forma como expressa a sua cultura e a sua tradição – esteja esta inerente, ou não, à religião ou cultura dominante no país onde vivem. Rapidamente nos esquecemos de como praticar e expressar a fé religiosa nos pode levar ao nosso último suspiro, pode deixar uma criança praticamente só neste mundo e deixar marcas para a vida, das quais poderá nunca recuperar.

O medo após o ataque contamina e passa à próxima família e ao próximo local de culto islâmico. O medo de sermos quem somos e quem queremos ser. O que aconteceu em London não foi por acaso e não foi sem querer. Teve – e tem – uma reação em cadeia, tem o infeliz poder de mudar o curso da vida não só de cinco muçulmanos, mas de toda uma comunidade. E de dificultar a forma como a religião muçulmana será expressa daqui para frente no Canadá.

O Ministério Público decidiu avançar com acusações de terrorismo contra o homicida da família. E queiramos, ou não, admitir, acusações de terrorismo estão geralmente do outro lado do espectro. Pensemos na palavra terrorismo, a que grupos costumam estar associados estes atos hediondos? Desde o 11 de setembro que a islamofobia cresceu exponencialmente e rotulou a religião muçulmana – e não a nação – de terroristas. É uma vitória e um passo à frente para a comunidade muçulmana ser justamente defendida quando é alvo de ataques terroristas pela fé religiosa.

O problema é que uma família morreu e uma criança ficou aparentemente sozinha. Tudo por causa de um ato de ignorância, de medo e de ódio.

Enquanto a nação canadiana chorava pela família muçulmana, Justin Trudeau, que foi dos primeiros a classificar o episódio de terrorista, rumou até Londres, no Reino Unido, para se reunir com os países-membros do G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo.

Foi lá que o primeiro-ministro foi pressionado para avançar com um número de vacinas a doar, que até então era apenas um compromisso de ajuda. Os líderes de todas as nações do G7 vão doar milhões de vacinas a países menos desenvolvidos, além de fundos para a vacinação, através do programa de Acesso Global às Vacinas Covid-19, liderado pela Organização Mundial de Saúde.