TÁBUA DE SALVAÇÃO

Como se previa, a agência de “rating” DBRS manteve o outlook da dívida portuguesa num patamar acima do lixo, o que vai permitir ao governo de Lisboa poder continuar a merecer os créditos do Banco Central Europeu e afastar a possibilidade de nova intervenção de credores estrangeiros.

Já aqui fizemos referência a esta agência do Canadá, a mais pequena das que estão acreditadas para este tipo de avaliação, e que continua a influenciar os créditos que são concedidos aos portugueses. A DBRS não controla mais do que 5 por cento do mercado mundial de notificações de crédito. A grande fatia está nas mãos das norte-americanas Moody’s, Standard & Poors e Fitch, mas mesmo assim, a DBRS tem sido decisiva para Portugal.

A DBRS (Dominion Bond Rating Service) foi fundada no Canadá, por Walter Schroeder, em 1976 e hoje é considerada uma agência global com escritórios em Toronto, Nova Iorque, Chicago e Londres. É a quarta agência a merecer o reconhecimento do BCE, depois das três grandes. Graças ao seu trabalho vem adquirindo uma importância vital para a economia portuguesa.

De facto, esta relação que parece caracterizar-se por alguma tolerância não começou da mesma forma. De início, era a DBRS que apresentava o pior rating para Portugal em comparação com as outras agências. Desde então, soube manter o equilíbrio necessário para convencer as instituições internacionais e os investidores a não virarem costas a Portugal.

A sua próxima avaliação vai ser anunciada em outubro. Até lá o Governo de Lisboa terá alguma folga para respirar e preparar o futuro das finanças públicas. Mas não se pode ficar a dormir à sombra da bananeira, pensando-se que a DBRS será, permanentemente, a tábua de salvação. Aliás, esta agência ameaçou, no início deste ano, poder alterar a sua posição quando Portugal viveu momentos de grande incerteza para a formação do atual Governo. Portanto, de uma coisa estamos certos: os estudos e as avaliações são diárias e a tranquilidade só se alcança com redobrada atenção.

Portugal pertence à zona Euro e isso, embora não seja uma condição de exceção, contribui muito para manter a credibilidade. Para a DBRS, os próximos tempos não significam risco nem perdas a quem investir em Portugal. E pelo nosso lado, não há que duvidar das recomendações canadianas.

A Direção