SOLIDARIEDADE POLÍTICA

A primeira ambição de qualquer político é promover obra e distribuir riqueza. Custe o que custar, político que se preze jamais promove o sacrifício e a contenção. A não ser que esteja sujeito a apertadas medidas de rigor e não havendo riqueza, não poderá haver distribuição.

O político oferece aquilo que não é seu. Ele é o agente e representante dos eleitores que se sujeitou a lançar promessas que procura cumprir. Mas entre os políticos que governam e mandam e os políticos que fazem oposição e ambicionam chegar ao lugar dos outros, há uma diferença abissal. É raro o político que está na oposição que diga compreender e até aconselhar comportamentos mais comedidos que visem a poupança, a cobrança de impostos ou até a condução de reformas que contribuam para alterar benefícios instalados.

O político que está no poder tem, obrigatoriamente, uma visão mais realista da vida. Procura dar e distribuir, mas está sempre sujeito às consequências. Se por um lado é mau não proporcionar e satisfazer desejos, pior ainda será quando faz sem que tivesse condições objetivas para a sua realização, hipotecando o futuro de todos. Casos destes são muito frequentes. Os políticos irresponsáveis gastam e esbanjam sem se importarem com o dia seguinte. Para eles, o mais importante é o que pensam deles no presente e o que vier a seguir, depois se verá.

É por estas razões que uma parte do mundo vive situações de aflição e outra sem grandes alaridos faz gerar riqueza e bem-estar esperados. Quando se fazem as contas os que vivem pior criticam, regra geral, os que estão mais organizados e clamam e reclamam pela tão apregoada solidariedade. Esse tipo de ajuda sempre tão presente na relação entre os povos faz todo o sentido quando alguém é sujeito a contrariedades inesperadas, como catástrofes e outras desgraças sem culpa formada. Mas quando um povo gasta o que tem e o que não tem, não faz nada para equilibrar a sua prestação e gasta o melhor do seu tempo a reivindicar compreensão e ajuda, cai na situação ridícula de ver a sua imagem degradada e desrespeitada na cena internacional.

O pior de tudo é quando governantes e governados mergulhados nessa realidade não se dão conta que a cada dia que passa ainda agravam mais a sua dependência. Os políticos têm de saber até onde pode chegar a solidariedade dos outros. E quem está permanentemente a solicitar as mesmas ajudas nunca poderá chegar longe como se deseja. A corrupção estraga tudo, mas a incompetência não é melhor. Hoje o cidadão comum tem responsabilidades acrescidas quando escolhe o seu eleito para o representar no poder. Afinal o voto tem mais importância do que que se poderia supor. A melhor atenção de todos evita problemas no futuro.

A Direção