SEM ESTABILIDADE NÃO HÁ NATALIDADE

Desde há uns tempos a esta parte, têm soado os alarmes sobre a natalidade em Portugal. Os portugueses a viver em Portugal são cada vez menos e agora os demógrafos apresentam um estudo que prevê que dentro de 50 anos, em vez dos 10 milhões e meio atuais, seremos apenas sete milhões. Isto a avaliar pelos fatores que influenciam e determinam esta tendência.

A austeridade e a emigração contribuem fortemente para esta situação. A manter-se o regime de apertar cintos para procurar o equilíbrio financeiro, os portugueses vão pensar mais em si do que em ter filhos e aumentar família. A emigração, por seu lado, regista um número elevado de saídas, já acima dos 100 mil por ano. Quem emigra é quem trabalha e regra geral, quem ganha é quem pode pensar em constituir e aumentar o núcleo familiar. Os desempregados e os que pouco fazem ficam por Portugal e, claro, querem pensar em tudo menos em ter filhos.

Este movimento de decréscimo populacional começou a registar-se na década de 60 com a corrida à emigração, por falta de estímulos e incentivos. Na década de 80 começou a verificar-se um movimento inverso, ou seja a procura do nosso País por gente de outras partes do mundo. Mas essa tendência ficou equilibrada porque ao mesmo tempo que chegava gente de fora, os portugueses desenvolviam ações de planeamento familiar. E entre os vários objetivos deste planeamento promoveu-se a melhor informação a métodos de contraceção mais eficazes e seguros, bem como permitir ao casal uma gravidez no momento mais apropriado.

Com a crise instalada é muito natural que os jovens casais não considerem os próximos anos o momento ideal para procriar. Todos desejam o melhor para os seus filhos e pela situação que se vive, com os jovens a sujeitarem-se a trabalhos precários, mal remunerados e sem garantias de futuro, é muito natural que vão adiando a decisão de serem pais. Assim, temos que levar em conta os avisos dos demógrafos e planear melhor a fecundidade dos portugueses.

Sem objetivos de futuro e uma vida melhor, não vale a pena presidentes e ministros lançarem apelos em prol da natalidade. A estabilidade depende das nossas vontades e capacidades. E sem isso, será difícil contrariar esta tendência de sermos cada vez menos em Portugal e contribuirmos para aumentar a população dos outros que nos acolhem.

A Direção