RICARDO SALGADO SAI EM LIBERDADE COM CAUÇÃO DE 3 MILHÕES DE EUROS

(D.R.)
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A audição ao ex-presidente executivo do BES, no âmbito da Operação Monte Branco, terminou e Ricardo Salgado saiu em liberdade do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa com caução de três milhões de euros.

A detenção do banqueiro, Ricardo Salgado foi feita esta quinta-feira na sua casa de Cascais e terá acontecido por alegado risco de destruição de documentos, e esteve a ser ouvido em tribunal, desde as 10 da manhã de quinta-feira.
O antigo presidente do BES estava alegadamente a utilizar também telefones encriptados nas suas comunicações e desde que deixou a presidência executiva do Banco Espírito Santo, há um mês, mantinha o seu escritório pessoal no Hotel Estoril Palácio.

Ricardo Salgado foi detido na casa onde reside, nas proximidades do Estoril, Cascais, numa operação desencadeada pelo Ministério Público com o apoio de inspetores tributários e liderada pelo juiz Carlos Alexandre.
A detenção foi levada a cabo no âmbito do envolvimento do gestor na chamada Operação Monte Branco, como confirma a Procuradoria-Geral da República, em comunicado.
Ricardo Salgado já tinha sido ouvido no final de 2012 durante a operação de investigação a um conjunto de movimentos financeiros ocorridos entre 2006 e 2012, por suspeitas de branqueamento de capitais e fraude fiscal.

Num despacho da altura, a PGR dizia que Ricardo Salgado não era suspeito, nem havia indícios à data para lhe imputar prática de ilícito fiscal e foi pretexto para falar, a propósito de notícias que davam conta da sua adesão ao programa RERT (regularização de capitais no estrangeiro) e retificações da declaração de rendimentos, então o presidente executivo do BES falou pela primeira vez do assunto, deixando a garantia que de nunca fugiu aos impostos nem era suspeito disso ou de qualquer outra coisa, sem nunca dar explicações públicas sobre as transferências feitas pelo construtor José Guilherme para a Savoices, a sua sociedade offshore e nem perante a família esclareceu a razão destes rendimentos, que não foram de 8,5 milhões de euros, conforme avançado na altura, mas de 14 milhões, dinheiro que levou a corrigir a declaração de IRS de 2011 e que o obrigaram a aderir ao RERT.

O ex-banqueiro na altura foi obrigado a dar explicações ao Banco de Portugal e ao DCIAP, aos quais terá explicado que se tratava duma oferta em dinheiro de um construtor agradecido pelos conselhos do banqueiro, considerando ser um ato com enquadramento jurídico e nome, de acordo com o que explica no livro “O Último Banqueiro”, da autoria das jornalistas Maria João Gago e Maria João Babo.
Mas três anos depois, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) prossegue com a “Operação Monte Branco”, que terá dado também origem, no âmbito de escutas efetuadas, a um outro inquérito para investigar as privatizações da EDP e da REN.

Em causa está a conduta de alguns assessores financeiros do Estado que conduziram o processo, sob os quais recaem suspeitas de tráfico de influências, abuso de informação e ganhos ilícitos, focada a investigação sobre o processo de venda em 2008 de ações da EDP, transação que envolveu o BES Vida e em que há suspeitas de crimes contra o mercado, tendo o BESI sido uma das entidades que montou a operação de entrada em bolsa da EDP Renováveis e entre os arguidos contam-se ainda, José Maria Ricciardi e Amílcal Morais Pires.