REDESCOBRIR OS AÇORES

A Comunidade açoriana no Canadá tem dimensão e é bem expressiva. A relação daquela Região Autónoma portuguesa com este País é perfeita do ponto de vista político e social e conta já com muitos anos de experiências. Os portugueses e, especialmente, os açorianos foram dos primeiros a cá chegar e deixaram marcas bem vincadas para as gerações vindouras.

A primeira grande vaga de emigração está fortemente ligada à captura e processamento das baleias. Os americanos deslocavam-se às ilhas para desenvolverem a sua atividade. Empregavam mão-de-obra local e os açorianos aprenderam o suficiente para depois prosseguir com o negócio por conta própria. Mas houve muitos que acompanhavam todo o processo até ao continente americano e, por isso, cá ficaram.

A outra grande vaga, que leva ao abandono de muitas terras de todas as ilhas, está diretamente ligada com as catástrofes naturais. O vulcão dos Capelinhos de 1957, e cuja atividade durou 13 meses, abriu por completo as portas da América. Na ocasião, o ainda senador John Kennedy promoveu a legislação suficiente que dava, praticamente, dupla nacionalidade aos afetados da ilha do Faial. Claro que muitos açorianos e de outras ilhas aproveitaram a oportunidade e lançaram-se à descoberta da América e aqui se incluiu o Canadá.

Saíram tantos como nunca se previra. Hoje, mais de um milhão vivem fora dos Açores, mas nunca esqueceram a sua terra. Há épocas do ano mais marcantes e nessas datas específicas ali estão eles a participar e a rever familiares e amigos. Os Açores foram assim durante muitos anos. Cá ou lá assistiu-se à abertura dos caminhos de penetração como primeiro passo de desenvolvimento da economia. Depois construíram-se e ampliaram-se as infraestruturas necessárias, com destaque para as aeroportuárias. Embora a dependência do Estado seja ainda marcante, os Açores têm sabido projetar as suas marcas e o que de melhor sabem fazer.

De dificuldade em dificuldade, onde se inclui também a instabilidade da presença norte-americana nas Lages, os Açores construíram o seu futuro e encontraram no turismo o desígnio capaz de mexer com todo o arquipélago. Nós quisemos ver e fomos até aos Açores e vivemos essa sensação de otimismo e que está, de facto, a transformar realidades. Diariamente, chegam aviões cheios de turistas ávidos para descobrirem tantos encantos que os olhos dos naturais já não acreditavam. Alguns vão regressar e quem sabe já com visão mais empresarial.

Os Açores parecem ter sido agora redescobertos e dos muitos que de lá saíram há muitos anos, quantos verão agora a melhor oportunidade para investir na sua terra natal? Uma coisa é certa, o desenvolvimento dos Açores é imparável. Cheira a oportunidades e tudo está na fase de arranque.

A Direção