RAFAEL PEREIRA, EM BUSCA DO SONHO AMERICANO

rafael_pereira6Rafael Pereira, 18 anos, vive em Iowa nos Estados Unidos, onde luta pelo sonho de se tornar guarda-redes profissional. Para trás ficou a família, Lisboa, Portugal.
Foi no dia 31 de junho de 2015 que Rafael rumou aos Estados Unidos da América (EUA), deixar a família para trás não foi tarefa fácil para o jovem jogador “a família é tudo para mim. Com apenas 18 anos, e tendo em conta que, sempre fui muito apegado e protegido pela minha família, foi difícil ter que me despedir de todos eles.” Há um ano, Rafael tomou consciência que sair de Portugal poderia vir a ser o seu futuro “estudar e jogar nos Estados Unidos parecia ser a solução certa para os meus problemas. Nessa altura ainda estava a terminar o meu 12º ano e ainda não sabia se ia conseguir terminar o secundário ou não porque a matemática sempre foi um problema para mim”.
Em Busca do Sonho- 1ª Tentativa
Estávamos em Setembro de 2014, quando Rafael descobriu a existência de uma empresa desportiva brasileira que funcionava em Portugal. Essa empresa observava os candidatos a jogadores, que depois eram ou não selecionados, para uma bolsa nos EUA. Rafael não hesitou em procurá-los para mostrar o seu talento, “nós jogadores só tínhamos que ir treinar com a empresa uma vez por mês, eles gravavam os nossos melhores momentos em jogo durante sete meses e depois juntavam tudo num vídeo de “melhores momentos” e enviavam para vários treinadores das universidades norte americanas”. No entanto, o teste pelo qual teve de passar não correu como o esperado “eles acharam que eu não era suficientemente bom e decidiram não assinar contrato para eu fazer parte da empresa deles”. Não ter conseguido passar no teste foi um desapontamento para Rafael que caiu em desânimo, “foi um duro golpe e cheguei mesmo a pensar em desistir porque em Portugal aquela empresa era a única forma de eu conseguir fazer o contacto com as universidades.”
rafael_pereria7Em busca do sonho – Concretização
Na busca deste sonho, sempre tiveram os pais de Rafael que tudo fizeram para o apoiar, “os meus pais deram me ânimo de novo e juntos tentamos encontrar outras soluções para eu conseguir realizar este plano. Então, encontrámos uma empresa Norte Americana – a NCSA que funciona como uma rede social, tipo facebook.” Com a descoberta desta empresa, Rafael teve acesso a perfis de treinadores e jogadores universitários. Depois disso, ele próprio teve de criar o seu perfil “eu fiquei responsável por fazer os meus próprios vídeos e por estabelecer o contacto com os treinadores.” Assim, pelos próprios meios Rafael, acabou por fazer o que a empresa brasileira, iria fazer por ele “deu-me mesmo muito trabalho e houve vezes em que a paciência era pouca porque tudo isto foi um longo processo de setembro ate março”.
Depois de muito trabalho e de uma longa espera, em Março do ano passado, recebeu a notícia tão esperada “finalmente recebi uma proposta tentadora de uma Universidade em Marshalltown, Iowa. Universidade onde estou atualmente”.
No entanto, mesmo com uma resposta positiva, o processo ainda não estava concluído, pois a ida para os EUA estava dependente da conclusão do 12º ano “tive que esperar ate meio de Julho, precisamente duas semanas antes de ir para os Estados Unidos, para saber se estava elegível para ir para a universidade ou não”.
Só quatro meses depois, saiu o resultado do exame final de matemática, tinha passado com 9,9 valores, a maior dificuldade para Rafael “a minha esperança de passar era mesmo muito pouca e já ninguém acreditava que eu iria conseguir, nem mesmo a minha família”. Por fim, Rafael surpreendeu tudo e todos e, duas semanas depois, estava a viajar para o continente americano, em busca do sonho.
Uma adaptação fácil
Adaptar-se aos EUA foi algo fácil, já que se encontra numa cidade pequena, com pessoas afáveis. Na universidade, Marshalltown Community College, onde está a estudar existem muitos alunos internacionais, e por isso, há um grande apoio aos alunos. As baixas temperaturas e a alimentação, pouco regrada, são as principais dificuldades “a maior dificuldade acho que ainda está para vir, a temperatura. Em dias de inverno as temperaturas vão chegar aos 10 graus negativos e isso sim vai ser complicado. Tirando isso, talvez a alimentação seja uma das maiores dificuldades, quer em termos de horários, quer em termos da dieta em si.”

As diferenças – Saudades da comida portuguesa
Na cidade onde vive não há nenhuma comunidade portuguesa, no entanto na equipa de Rafael, existem três brasileiros e, por isso, passa grande parte do tempo a falar português. Embora, tenha também amigos estrangeiros com quem também convive, para melhorar o inglês.
O “fast-food” é uma das bandeiras dos EUA, o que, ao fim de algum tempo se tornou enjoativo para Rafael que sente saudades da comida portuguesa “saudade de um bom bife ou um bom peixinho começa a apertar”.
No que toca a afetos, os americanos não parecem ser muito adeptos de beijinhos e abraços “aqui eles não se cumprimentam com dois beijinhos, um aperto de mão é o mais correto mesmo se já forem amigos chegados. Qualquer tipo de demonstração de afeto excessiva em público pode mesmo resultar numa repreensão por parte das autoridades.”
No entanto, Rafael conta que, todas as pessoas são muito simpáticas e essa é uma das características da população do estado de Iowa, um dos 50 estados dos Estados Unidos, localizado na Região Centro-Oeste e onde, atualmente, vive.

Um país de oportunidadesrafael_pereira5

Futebol e estudos, duas áreas que nem sempre se conjugam, para Rafael conquistar as duas em simultâneo é um objetivo cumprido, “primeiro que tudo estou a conseguir conciliar o futebol com os estudos a nível universitário, o que seria impossível de acontecer em Portugal.”.
Para este jovem português, os Estados Unidos já se revelaram um país de oportunidades que premeia quem trabalha “os Estados Unidos é um país de oportunidades e é sobretudo um país que premeia quem trabalha e quem é bem-sucedido e felizmente isso tem vindo a acontecer comigo.” Contudo, ainda muito falta para conquistar, Rafael quer continuar a crescer no futebol e terminar o curso universitário na área do marketing.

À espera de um futuro risonho
Rafael espera que estudar e jogar nos EUA, venha a ser um empurrão para realizar o seu sonho, ser um guarda-redes profissional “sinto que esta oportunidade que apareceu pode-me abrir um pouco mais as portas para realizar o meu sonho, mas tenho consciência que tenho um longo caminho para percorrer”.
Quanto ao futuro, Rafael não está certo do que possa acontecer, até porque, nunca pensou que fosse possível ir para os EUA “se há 2/3 anos me dissessem que eu estava a viver sozinho nos estados unidos, eu apostava o dinheiro todo que tivesse que isso não iria acontecer, mas a verdade é que hoje estou aqui.”
Ser feliz e deixar a família orgulhosa são os principais objetivos do jovem jogador, “acho que podemos tentar adivinhar o futuro mas ele vai-nos sempre surpreender. Só espero que o futuro reserve boas coisas para mim, e que, essencialmente, seja feliz naquilo que estiver a fazer e que a minha família esteja toda bem e orgulhosa de mim principalmente”.
Conquistas

Rafael joga na equipa de futebol masculino da Marshalltown Community College. Mas recentemente, já conquistou um passo importante, foi nomeado para o NJCAA Divisão de Homens da primeira equipa – Men’s Soccer All-American First-Team, tornando-se o segundo jogador na história do clube a ganhar esse reconhecimento.
O Regresso

Regressar a Portugal é um objetivo e pode já acontecer em 2017, mas tudo vai depender das oportunidades que surgirem. Se, tiver a sorte de conseguir outra bolsa de estudo continuará nos EUA, até obter o equivalente a uma licenciatura com mestrado integrado. Mas para isso, precisa que uma Universidade aposte nele e lhe ofereça essa bolsa essencial para a sua continuação no continente americano. Se tal não acontecer, voltará para casa, “se nada de interessante aparecer, volto para Portugal com o meu curso feito e tento começar a trabalhar na área”.
As saudades
A família, os amigos, o quarto, a casa e a comida da avó são as coisas de que Rafael mais sente falta. Portugal continua a ser a sua casa e o seu orgulho.
“Portugal é a minha casa, só estou fora para lutar pelos meus sonhos. Sou essencialmente um coração luso porque sei o que é ser pequeno e não muito rico e ainda assim sorrir todos os dias e ver o bonito país que temos.”