O número de quebequenses que partiram para outras províncias, entre 1971 e 2015 foi quase 600.000 maior do que o número de canadianos que vieram para o Quebec durante esse período, diz o Instituto Fraser.
Isso constitui o maior total de migração no país, de acordo com uma pesquisa do grupo de especialistas.
Além disso, o Quebec é a única província do Canadá que sofreu uma perda líquida na migração interprovincial, a cada ano, durante esse tempo, referiu a organização num relatório divulgado na terça-feira.
Yanick Labrie, pesquisador sénior e coautor do relatório, diz que a estratégia económica do Quebec não foi um sucesso.
“O chamado modelo do Quebec pode ser um fracasso com base nas estatísticas que reunimos”, disse Labrie, que também trabalha como consultor de política pública em Montreal.
Independentemente da tendência, a população do Quebec cresceu de 6,1 para 8,3 milhões, ao longo dos 34 anos.
A maior perda líquida de um ano foi para os 12 meses entre 1 de julho de 1977 e 30 de junho de 1978 – na sequência da vitória eleitoral do Parti Quebecois em novembro de 1976 – quando mais 46,429 pessoas emigraram do que migraram para a província.
Labrie, diz que a alta carga tributária e dívida pública, bem como a abundância de burocracia para os empresários fazem do Quebec um lugar menos atraente para iniciar um negócio ou uma carreira em comparação com outras províncias.
O imposto sobre vendas do Quebec é 9,975 por cento, perdendo apenas para a Nova Scotia com 10 por cento.
A província tem uma taxa de oito por cento para as pequenas empresas, o que é quase o dobro da segunda maior taxa de 4,5 por cento no Ontário e Prince Edward Island. Em Alberta, a taxa é de três por cento, enquanto que a Colúmbia Britânica se fica pelos 2,5 por cento.
Além disso, o Quebec tem algumas das mais altas taxas de imposto sobre o rendimento na América do Norte.
E enquanto que os políticos muitas vezes apontam os serviços generosos do Quebec como uma razão para os seus comparativamente impostos mais elevados, o relatório do Instituto Fraser indica que a província está a perder muitos jovens que beneficiaram do sistema público.
Mais de dois terços dos residentes que deixaram a província entre 1971 e 2015 tinham entre 20 e 44 anos de idade.
Labrie refere que o Quebec paga inteiramente ou subsidia de modo significativo a educação e saúde dos seus residentes, para depois ver muitos deles sair para outras províncias, a maioria para o Ontário, Alberta e Colúmbia Britânica.
As estatísticas do instituto do Quebec mostram números semelhantes para a migração interprovincial mas este aponta que a província compensa a perda de residentes Canadianos com os estrangeiros.
“Geralmente, os ganhos associados à migração internacional são mais do que suficientes para compensar as perdas da migração interprovincial”, sustenta o relatório demográfico mais recente do instituto.
De acordo com o relatório, em 2014, o Quebec teve um ganho líquido de 31.600 pessoas, acrescentando que 80 por cento dos imigrantes que se mudaram para o Quebec em 2013 ainda estavam na província dois anos depois.
O Quebec não é a única província que sofre de perdas devido à migração interprovincial.
Desde 2003, o prejuízo líquido do Ontário em relação ao Quebec foi superior a 40.000.
A maioria deles saiu para Alberta e Colúmbia Britânica.
Labrie atribui as perdas recentes do Ontário à sua economia, que sofreu em comparação com aquelas das províncias do Oeste.
Fonte: Canadian Press