PROIBIDAS VENDAS A DESCOBERTO DO BES E JM NA BOLSA

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A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários anunciou após o fecho da negociação da bolsa de Lisboa, a proibição das vendas a descoberto das ações representativas do capital social do Banco Espírito Santo (BES) e da Jerónimo Martins durante todo o dia de quinta-feira.

De acordo com os regulamentos da União Europeia, aplicáveis ao mercado bolsista português, o supervisor dos mercados pode determinar a restrição temporária da venda a descoberto de “instrumentos financeiros em caso de diminuição significativa do respetivo preço” e o  limiar que possibilita à entidade liderada por Carlos Tavares acionar este mecanismo está fixado na queda de 10% ou mais no preço das ações em causa, face ao preço do fecho da sessão bolsista da véspera.

Foi isso que aconteceu na quarta-feira, os títulos do BES desvalorizaram 10,57% para 0,347 euros, enquanto os papéis da Jerónimo Martins perderam 13,53% para 10,10 euros, tendo as ações do banco agora liderado por Vítor Bento voltado a bater o mínimo histórico, no dia em que era esperado que a instituição divulgasse os resultados da atividade durante os primeiros seis meses do ano.

A retalhista dona da cadeia Pingo Doce revelou esta quarta-feira que as contas semestrais ficaram marcadas por uma queda de 12,4% do lucro para 145 milhões de euros e em termos de perspetivas para este ano, a Jerónimo Martins considerou que o ambiente muito competitivo e a forte deflação alimentar “terão impacto na rentabilidade do grupo prevista para este ano”.

A proibição das vendas a descoberto das ações do BES e da Jerónimo Martins tem efeitos a partir das 00:00 de 31 de julho até às 23:59 do mesmo dia.

Uma decisão divulgada, horas depois de confirmadas novas buscas em empresas do universo do grupo GES.

O conhecido DCIAP – Departamento Central de Investigação e Acção Penal  passou o dia de quarta-feira a realizar buscas em várias empresas do Grupo Espírito Santo, como a Rioforte e a Espírito Santo Resources, relacionadas com a invetigação internacional “Monte Branco” por alegadas transacções financeiras de Ricardo Salgado e de Álvaro Sobrinho.

Os movimentos financeiros envolvendo as sociedades “offshore” de Ricardo Salgado e de Álvaro Sobrinho estarão entre as razões que levaram às diligências na sede da Rioforte, em Lisboa, no âmbito da investigação do caso Monte Branco, relacionado com fuga ao fisco e branqueamento de capitais.

Os investigadores terão recolhido informação sobre transferências de dinheiro realizadas no âmbito do alegado presente oferecido pelo construtor José Guilherme a Ricardo Salgado, além dos movimentos sobre o sinal pago pela Sonangol quando acordou comprar 67% da Escom ao GES, no final de 2010, estando na mira deste caso, também transacções envolvendo sociedades de Álvaro Sobrinho.

As buscas decorreram uma semana depois das buscas feitas à sede do Grupo Espírito Santo em Lisboa e do regulador norte-americano ter analisado de novo a subsidiária do BES em Miami.

No seguimento dos factos, Ricardo Salgado foi constituído arguido, por causa de alegado dinheiro que recebeu via “offshore”, como o alegado presente de 14 milhões de José Guilherme, estando agora o antigo banqueiro sob suspeita de burla, abuso de confiança, falsificação e lavagem de capitais e ter pago uma caução de três milhões de euros, para sair em liberdade, apesar da proibição de ausência do território português e de contactos com pessoas, cujo o nome não foi revelado.

O Banco Espírito Santo registou um prejuízo de 3577 milhões de euros no primeiro semestre do ano. É o valor mais elevado de perdas registado na história da banca portuguesa. Vitor Bento analisa um aumento de capital a ser aprovado pelos accionistas em assembleia geral.