PORTUGUESES PELO MUNDO

O Canadá foi o País onde se registou o maior crescimento de emigração portuguesa durante o ano de 2014. De acordo com o registo dos consulados portugueses espalhados pelo mundo, o número de saídas de portugueses continua a superar os regressos. Só ao Canadá chegaram, ao longo do ano passado, quase mais 100 mil portugueses, com intenção de se fixarem aqui. Em contrapartida, há países onde se regista um decréscimo acentuado da presença lusitana, como são os casos de França e Venezuela, embora Paris continue a ser a segunda cidade no mundo com mais portugueses, depois de Lisboa.

Entre os números oficiais e a realidade no terreno vai uma grande distância. De facto, os números oficiais revelam que pouco mais de 4 milhões de portugueses vivem fora de Portugal. Mas estes dados fornecidos pelo Observatório da Emigração apenas revelam a movimentação de portugueses que se inscrevem nos serviços consulares ou que através deles requisitam a passagem de passaportes ou cartão de cidadão.

Como se sabe, uma grande parte dos portugueses espalhados pelo mundo ainda prefere correr o risco da clandestinidade com o receio de nunca conseguir as devidas autorizações de permanência.

Toda essa gente anónima sai, trabalha e nunca solicita apoio nem qualquer prestação de serviços por parte dos serviços consulares. Assim, as estatísticas poderão falsear a realidade e em vez dos 4 milhões poderão viver no estrangeiro tantos portugueses como no território nacional.

Não é novidade para ninguém e em especial para quem teve de sair do seu País de origem que os emigrantes são a maior força de trabalho, onde quer que seja. É assim no Canadá e em todo o lado. Os emigrantes sujeitam-se a regras e a situações que no seu País natal nunca aceitariam. Isto passa-se com os portugueses e com a generalidade da população em todo o mundo. É através da mão-de-obra emigrante que se erguem muitas obras que de outra maneira nunca se realizariam. Os direitos dos emigrantes nunca são os mesmos dos naturais dos países em questão e assim parece continuar.

E para que não restem dúvidas, nós próprios somos testemunhas vivas desta certeza. Muitos portugueses que estão no Canadá trabalham aqui de forma diferente da que praticavam em Portugal. Há vários fatores que contribuem para isso e a culpa não é apenas de quem quer ou não trabalhar. Há razões políticas, económicas e sociais que influenciam todos estes comportamentos e assim devem continuar porque também interessam às políticas internas de cada País.

Países como o Canadá, Estados Unidos ou Europa do Norte confortam ou ameaçam, frequentemente, as comunidades emigrantes, com políticas destinadas à captação de votos eleitorais. Por isso, a clandestinidade será sempre uma evidência e uma permanente preocupação.

A Direção