PORTUGUESES PELO MUNDO

Um amigo residente na zona de Lisboa dizia à boca cheia que se a sua mãe fosse viva teria 20 netos, metade dos quais a viver no estrangeiro. Este amigo estava, precisamente, a traçar o quadro atual da movimentação dos portugueses. Nunca se saiu tanto de Portugal com ou sem chancela de emigrante. Em 2013 foram 110 mil que deixaram o País e o ano passado, o número repetiu-se. Estamos quase a terminar 2015 e parece que a tendência se mantém.

Por que será, então, que os portugueses saem ou emigram? O País parece não encontrar os melhores caminhos para cativar a população jovem. Depois de um vasto percurso académico, pago em grande parte pelo próprio Estado, os jovens portugueses lançam-se à aventura e espalham-se pelo mundo. Nada disto tem a ver com o fenómeno tradicional da emigração. Toda esta gente não se considera emigrante, apesar da deslocação do seu País de origem para outro destino.

Fruto das novas regras europeias, onde não há fronteiras e a formação é muito equiparada, a juventude não olha a meios para alcançar o melhor objetivo, mesmo que para isso tenha de sujeitar-se a viver em ambientes que nunca partilhou. Qualquer português saído das universidades tem grandes conhecimentos científicos e domina perfeitamente outro idioma. A facilidade de contacto e de afirmação profissional e social são notórios.

Ao contrário da emigração tradicional, da mala com a trouxa e sujeito a qualquer trabalho desqualificado, a juventude de hoje olha o futuro com normalidade e sem as barreiras que outrora dificultavam a vida e criavam estigmas para toda a vida. Os jovens que hoje saem de Portugal estão ao melhor nível e equiparados a quaisquer outros. Eles próprios não se consideram emigrantes, apenas deslocados do seu sítio de origem, tal como se deslocaram para estudar numa Universidade longe da sua terra, quando a isso foram obrigados.

Portugueses espalhados pelo mundo não é problema, antes pelo contrário, pois trata-se de uma riqueza não quantificável. O senão de tudo isto é quando nos apercebemos que Portugal dá-lhes a melhor formação e depois eles aplicam-na noutras paragens. Há clínicas em Inglaterra, por exemplo, que têm mais de 50% de enfermeiros portugueses. A preocupação maior não é vê-los a desenvolverem-se por esse mundo, é antes interpretar as razões por que as saídas são constantes e com tendência para se manterem.

Será que esta razia de quadros não estará a colocar Portugal mais pobre? Decerto que sim e a solução será procurar equilíbrios com jovens de outras paragens, que também trazem conhecimento e valor. Estas movimentações são parte do mundo moderno e de difícil controlo. Por isso, há que olhar em frente e ver soluções em vez dos lamentos que nada resolvem.

A Direção