POLÍTICOS E ESTADISTAS

Quem anda na política são os políticos. Passam a vida a prometer, a sonhar, a influenciar os destinos das pessoas. Dizem-se representantes, com estatuto e autoridade suficientes para mandar, pôr e dispor. Mas ser político não significa que, obrigatoriamente, se cumpra tudo o que anteriormente se prometera. E a explicação pode ser encontrada na frase que o povo vulgarizou: o estadista preocupa-se com a próxima geração e o político com a próxima eleição.

Os políticos não fazem reformas porque isso implica trabalho, múltiplas capacidades e muita visão estratégica. As reformas necessárias são, regra geral e à primeira vista, antipáticas e geradoras de muita contestação. Pelo contrário, é mais fácil falar sobre aquilo que os outros gostam de ouvir, andar na rua em ombros e ser idolatrado pelas multidões. E quando as promessas não se cumprem, as causas são sempre apontadas a outros pelas mais diversas razões, ou então é porque não houve tempo suficiente.

Quando, recentemente, o Presidente de Portugal obrigou os três partidos da governação (PSD, PS e CDS) a tentaram um compromisso de salvação nacional, sabia-se, à partida, que nada daria certo por mais tempo ocupado em reuniões de fachada. E, de facto, assim foi. Esse entendimento falhou porque trabalha-se mais para eleições do que para gerações.

Portugal precisa de investimento, de gente que acredite e faça acreditar. Mas para que isso aconteça é necessário criar um ambiente de previsibilidade, para que haja certezas. E, pelo que se tem visto e assistido, falta muito para se chegar a esse patamar, precisamente pela abundância de políticos e a ausência de estadistas. Falta gente que saiba exercer a liderança com sabedoria e sem limitações.

E as limitações são muitas. Hoje em Portugal, qualquer representante social que exerce cargos diretivos sem ter sido sujeito a qualquer sufrágio universal ameaça a governação invocando o Tribunal Constitucional. Os tribunais estão vulgarizados pelos representantes das oposições. E a esta distância é legítimo perguntar: Preocuparam-se em questionar a constitucionalidade da entrada de Portugal na União Europeia? E a adesão à moeda única? E o pedido de ajuda externa?

Pedir dinheiro é para todas as forças políticas e sociais um direito constitucional. Encontrar a fórmula de pagar aos credores fica dependente dos juízes. Assim, vai ser difícil cativar investimento, criar emprego e distribuir riqueza.

A Direção