

(Sérgio Lemos)
Calou-se, aos 88 anos, uma das maiores vozes de sempre da poesia de língua portuguesa. António Ramos Rosa–várias vezes proposto pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) para Prémio Nobel da Literatura – morreu ao final da tarde de ontem, no Hospital Egas Moniz, Lisboa, vítima de pneumonia.
Ao longo de uma vida dedicada às letras,começou a publicar em 1958 e não mais parou. Nos últimos anos, debilitado, continuava a escrever e ainda em 2013 lançou ‘Numa folha, leva e livre’. “A mulher levava-lhe papel e caneta como a outros se levam medicamentos”, revela José Jorge Letria, presidente da SPA, que recorda um homem“ reservado, de grande interioridade, pouco dado a expansões e partilhas, mas solidário sempre que necessário”.
Com o Estado Novo não teve boas relações. Em 1960, a polícia política fechou-lhe a revista ‘Cadernos do Meio-Dia’ e em 1971 ele recusaria o Prémio Nacional de Poesia, da Secretaria de Estado de Informação e Turismo. Em distinções, ganhou quase tudo: o P.E.N. Clube Português de Poesia (1980); o Prémio Jacinto Prado Coelho (1987); o Pessoa (1992) e o Sophia de Mello Breyner Andresen (2005).
O funeral realiza-se amanhã no cemitério dos Prazeres, Lisboa, e o corpo ficará no jazigo dos escritores.