OS PRIMEIROS CANADIANOS

É voz corrente ouvir-se que a descoberta do Canadá coube ao navegador veneziano Giovanni Caboto, que ao serviço da coroa inglesa e sob o nome de John Cabot, chegou à Terra Nova, entre os anos de 1497 e 1498. Como se percebe, há dúvidas nesta data.

Os franceses, por seu lado, sempre defenderam que o seu navegador, Jacques Cartier, chegou à terra que é hoje o Canadá no ano de 1534 e que ao serviço do reino de França iniciou um processo de exploração do território, que mais tarde, no ano de 1603, foi continuado por outro explorador francês, Samuel Champlain, o qual conseguiu fixar gente a sério nas primeiras povoações criadas, Port Royal e Québec. De seguida a expansão foi levada em larga escala até à região dos Grandes Lagos.

Depois disso, os ingleses ocuparam uma vasta área que hoje representa os territórios de Manitoba, Saskatchewan e Alberta. Cada qual, franceses e ingleses, sempre reivindicaram para si territórios e poder até que o Tratado de Paris (1763) pôs cobro aos confrontos internos e definiu o que pertencia a quem. Mas os conflitos nunca pararam, porque as relações com os vizinhos norte americanos nunca foram boas. Após a independência, os EUA sempre quiseram ocupar o Canadá e como não conseguiram acharam melhor incendiar a cidade de Toronto, que na altura se chamava York. Os canadianos, por sua vez, ripostaram e fizeram pior.

Resolvido o problema com os vizinhos, começaram os conflitos internos. Ingleses e franceses mal se entendiam e assim viveram muitos anos até resolverem todas as divergências com o referendo de 1995 e que definiu, por ligeira vantagem, que há só um País com duas línguas e várias culturas. Até ver.

Apesar das muitas especulações, e como se viu são várias sobre a ocupação deste País, a maior certeza conhecida é que o Rei português, D. Manuel I, no ano de 1506, já cobrava impostos sobre a pesca do bacalhau nestas costas marítimas. Está provado que com base no Tratado de Tordesilhas (em 1494 os reinos de Castela e de Portugal dividiram as terras descobertas e a descobrir fora da Europa) os portugueses reclamaram direitos territoriais neste continente e sabe-se, hoje, com toda a segurança que antes de John Cabot chegar ao Canadá, por aqui passaram Diogo Teive e Pero Vasques, em 1452; João Vaz Corte Real, em 1472; e João Fernandes Lavrador, em 1498, e que acabaria por dar o nome à terra que é hoje a costa leste do Canadá.

Até que aqui chegasse o primeiro francês, foram muitos os portugueses que se instalaram e influenciaram a vida, os costumes e os nomes que hoje conhecemos e praticamos como o próprio nome do País, que os portugueses definiam como uma terra difícil e sem nada: Ca Nada; ou através das fiadas de canas que os orientavam para o melhor caminho e que ainda hoje designamos na nossa língua de canada.

Hoje, o Canadá é composto por 10 províncias e três territórios que fazem deste País o segundo maior do mundo, depois da Rússia. Muitos falam em Labrador e Terra Nova, ou mesmo S. João da Terra Nova, mas poucos sabem que esses nomes são de origem portuguesa e que foram os nossos marinheiros os primeiros a cá chegar e a marcar o território.

JP