OS POBRES QUE PAGUEM IMPOSTOS

A palavra Paraíso indica tudo. Através dela habituámo-nos a concentrar numa só palavra tudo o que há de bom. O Paraíso identifica-se com a verdade e a pureza e premeia todos aqueles que rejeitam o pecado e o lado mau da vida. O Paraíso ficou reservado aos que o mereceram por terem praticado em vida ações de relevo e sacrifício em prol dos outros.

Mas se para se alcançar o paraíso eterno torna-se necessário algum esforço e dedicação em vida, houve quem se antecipasse e criasse na terra outro tipo de Paraíso para poder desfrutar-se dele ainda durante a própria vida. Inventou-se, então, o Paraíso Fiscal e que, segundo as melhores doutrinas e tradições eclesiásticas, deveria ser aquele que estivesse ao serviço dos mais necessitados e desprotegidos. Curiosamente, acontece tudo ao contrário.

O Paraíso fiscal está salpicado um pouco por todo o mundo, como Ilhas Caimão, Bermudas, Bahamas, Mónaco, Luxemburgo, Panamá, Uruguai, Suíça, Liechtenstein, Ilhas Virgens Britânicas, entre muitos outros. Que se saiba existe para esconder o património dos titulares, garantir o absoluto sigilo bancário e proporcionar o mínimo pagamento de impostos.

Significa isto que só pode aceder a um Paraíso fiscal quem, efetivamente, tem posses e património para o efeito. E a razão por que se recorre a este estratagema é, na maioria dos casos, porque os bens transacionados são obtidos de forma duvidosa ou mesmo ilícita. Quem aplica o seu dinheiro num Paraíso fiscal não tem que lá viver e à distância disfarça-se tudo.

Quem tem dinheiro quer mais dinheiro e evita pagar impostos. Essa coisa de pagar ao Estado e suportar os custos sociais é coisa reservada aos pobres e a quem não tem possibilidades de sair da sua zona de desconforto. Estima-se que quase 10% da movimentação de capitais em todo o mundo se registam através de paraísos fiscais, o que contraria todas as regras da boa convivência e da decência.

Por exemplo, o atual presidente da União Europeia, Jean-Claude Juncker, foi primeiro-ministro do Luxemburgo, um verdadeiro Paraíso fiscal no seio da Europa, que nunca foi sujeito a medidas punitivas e que esconde muita ilegalidade. Ao sonegar-se a verdadeira identidade dos titulares de grandes fortunas, também se contribui para protegerem-se organizações terroristas que espalham a morte entre inocentes, quando menos se espera.

Assim vai o Paraíso na terra, cuja origem remonta aos tempos dos corsários, que depositavam, longe, todos os bens que roubavam e saqueavam nos mares. E se assim era com os antigos ladrões, não muito diferente é na atualidade. Aos pobres fica reservado o Paraíso celestial e até à chegada dessa hora há que cumprir com as obrigações fiscais.

A Direção