O ser canadiano

Correio da Manhã Canadá

Para a maioria dos canadianos o 1 de julho é um dia para celebrar os direitos, liberdades e privilégios que advêm do facto de serem canadianos. Os privilégios, no entanto, vêm com responsabilidades. Para os colonos canadianos é crucial construir relações significativas com os povos e nações indígenas.

Muitos canadianos não gostam de ser rotulados como “colonos”. O termo refere-se aos não-indígenas que, ou cujos antepassados, se estabeleceram em terras indígenas.

Os colonos canadianos têm a responsabilidade de construir relações respeitosas e recíprocas com as nações indígenas. Esta relação começa com uma restituição da terra.

Ao contrário daquilo que os cidadãos pensam, porém, a restituição de terra não significa a saída de todos os não-indígenas da América do Norte. Pelo contrário, como muitos líderes indígenas têm argumentado, trata-se do regresso do controlo jurisdicional às nações indígenas.

O colonialismo é visto como um “capítulo triste” na história do Canadá, pelo qual os colonos devem fazer reparações.

Temos ouvido e lido aqui no Correio da Manhã Canadá, que o Governo Federal pôs já em marcha o plano operação verde até 2050, em prol do ambiente. Observemos que através de um relatório das Nações Unidas sobre biodiversidade de 2019 se concluiu que as práticas indígenas enfatizam a restauração e a sustentabilidade da terra. Deste modo, a restituição de terras, portanto, é também crucial para travar a crise climática.

O Dia do Canadá deve servir, acima de tudo, para lembrar sempre os povos indígenas, como foi realçado pelo primeiro-ministro e pela Governadora Geral, Justin Trudeau e Mary Simon, respetivamente.

Ainda no âmbito das celebrações, não podíamos esquecer o Festival Carabram 2022. Uma vez mais com o Pavilhão de Portugal a ter notoriedade em Brampton. Não fossem os portugueses um dos povos mais representativos da cidade. De acordo com os Censos 2021, vivem na cidade, quase 30 mil cidadãos lusos. Por que não irem esses quase 30 mil ao Pavilhão de Portugal? Seria para lá de histórico.

Aproveitem o que a palavra “saudade” tem de melhor. Usem e abusem dela. Vão estar bem pertinho de Portugal. Nós lá estaremos a testemunhar. Quem sabe se, para além de um microfone e de uma câmara, não estaremos munidos de um pastel de nata? Quem sabe. Passem por lá.