O NOSSO MUNDO

Quando no final de maio de 1954, meia centena de personalidades influentes e poderosas, representando pontos de vista liberais e conservadores, se reuniram no hotel de Bilderberg, na Holanda, preocupados com as crescentes movimentações antiamericanas na Europa ocidental, nunca imaginariam que estavam a criar um movimento que, 60 anos mais tarde, passaria a ser transversal à escala global, ditando regras e orientações.

Podemos dizer que Bilderberg se transformou, não numa sociedade secreta, mas num projeto muito próprio com capacidades para influenciar as tendências do mundo, embora integre apenas quem reside nos países europeus e América do Norte. Este grupo ou clube reúne todos os anos em sítios diferentes. Em Portugal, aconteceu em 1999, em Sintra. O Canadá já recebeu a reunião por três vezes: 1983, em Montebello; 1996, em Toronto; e 2006, em Otawa.

Há um comité executivo que trata de tudo e seleciona até 150 participantes. É do conhecimento público quem integra esta lista, mas os temas e os conteúdos são guardados a sete chaves, garantindo, assim, aos participantes o sigilo suficiente para melhor se expressarem. Em resultado, são apresentados e discutidos assuntos que depois se transformam em tendências e que, embora não fazendo Lei, influenciam muito os comportamentos futuros.

Não são apenas políticos, economistas ou cientistas que marcam presença. Grandes empresas multinacionais, com poderes e organização em vários países, também se fazem representar, bem como chefes militares de reconhecida competência.

Nessas reuniões fala-se de política e economia, de guerras e conflitos, de tecnologias e de música, enfim, de tudo um pouco que faz parte da vida e que faz mover as pessoas e a sociedade em geral. Não se sabe, nem se pode quantificar com precisão o alcance destas reuniões, mas que são importantes e que mexem com o mundo, ninguém tem dúvidas. Na última reunião, por exemplo, foi debatida com exaustão a situação política e financeira da Grécia, questões relacionadas com a Rússia e a sua vocação expansionista.

Daqui resulta e sabe-se que, ao longo de muitos anos, o mundo tem sido governado, aqui e ali, sob grandes influências. Esta espécie de Assembleia Bilderberg não faz nem aprova Leis, mas dita regras e aponta caminhos que na maioria dos casos são acatados. Bilderberg é talvez a Assembleia mais influente do mundo, antecipando acontecimentos e adaptando à era moderna o que em séculos passados estava reservado ao poder absoluto dos Governos e às influências religiosas. Afinal, este é um pouco, senão mesmo muito, do que é o nosso mundo.

A Direção