
É com grande tristeza que constatamos que este espaço do nosso jornal se tem de dedicar novamente à guerra e que assim será, provavelmente, nos próximos tempos. Aquele que é o pior conflito armado desde a Segunda Guerra Mundial parece ter vindo para ficar, hipótese reiterada até pela opinião pública no Canadá, como mostra um inquérito recente: quase dois ter os dos canadianos acreditam que a invasão russa da Ucrânia vai escalar, tornando-se numa guerra mundial.
O horror da guerra, que temos vindo a acompanhar atentamente, tem tido desdobramentos diários. Mais bombardeamentos, mais ameaças nucleares, mais refugiados, mais mortes, mais sanções, mais rondas de negociações e corredores humanitários falhados. E enquanto isso, Vladimir Putin permanece inalterado, garantindo não recuar enquanto as suas reivindicações não forem atendidas.
As notícias e imagens terríveis que nos chegam são acompanhadas, pelo menos, pela sensação de que a comunidade internacional está fortemente unida pelo propósito comum de demover a Rússia. Prova disso é a presença do primeiro-ministro canadiano na Europa, em sinal de apoio à Ucrânia.
Na agenda de Justin Trudeau, que chegou ao solo europeu na segunda-feira e aí permanece até sexta-feira, incluem-se paragens em Londres, Riga, Berlim e Varsóvia, onde pretende discutir com os seus aliados o apoio à Ucrânia e a resposta à Rússia.
O arranque da semana fica, assim, marcado pelo reforço das sanções canadianas à Rússia, anunciadas por Trudeau no Reino Unido. Desta vez, a conselho do opositor Alexei Navalny, o Canadá sancionou mais 10 pessoas, que o liberal considera “cúmplices desta invasão injustificada”: antigos e atuais altos funcionários do Governo, oligarcas e apoiantes da liderança russa.
E enquanto isso, no Canadá, as manifestações de apoio à Ucrânia continuaram pelo segundo fim de semana consecutivo. Cenário semelhante ao de Portugal, onde se multiplicam também as iniciativas solidárias para ajudar o povo ucraniano. Ainda que o conflito não seja – pelo menos para já – mundial, a comoção que está a gerar é indiscutivelmente global.
E neste cenário triste, deixamos aqui a nossa homenagem às mulheres que sofrem o pesadelo de ver os seus filhos e maridos envolvidos numa guerra absurda. Mulheres que fogem carregando os pequenos em busca de segurança e com a esperança de regressar a casa logo que a paz esteja de volta. A estas mulheres sofridas e todas as demais, os nossos parabéns pelo seu dia.