O BRASIL NO SEU MELHOR

O Brasil tem um novo Presidente que não foi eleito como tal e viu destituída a Presidente que tinha sido votada para esse efeito. O Brasil é grande e sujeito a grandes acontecimentos porque a média ponderada entre as cúpulas e as bases ainda é reduzida e necessita de alguns anos para se aperfeiçoar.

Diga o que se disser, o Brasil faz lembrar o velho provérbio popular que diz que em mesa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Dilma Rousseff foi a primeira mulher a ser eleita Presidente do Brasil, em 2010, e reeleita em 2014. Até aqui tudo parecia assentar num estado civilizacional avançado. O Brasil mostrava ao mundo que a democracia funcionava em pleno, como também a liberdade de escolha e de exercício de cargos.

Mas como também diz o povo, no melhor pano cai a nódoa. E eis que Dilma Rousseff foi acusada de crimes de responsabilidade de manobras fiscais ilegais, de forma a mascarar a situação de penúria dos cofres públicos. É da sua responsabilidade a aprovação de decretos que aumentaram, substancialmente, os gastos do Governo sem a devida autorização do Congresso.

A tudo isto se chamou corrupção e, claro, com fortes ligações ao seu antecessor Lula da Silva que está sob fortes suspeitas e a viver debaixo de apertadas investigações. Mas o Brasil arruma a situação dando uma no cravo e outra na ferradura. Dilma foi destituída pelo Senado, sob o comando do presidente do Supremo Tribunal e os senadores que aprovaram a destituição permitiram que Dilma possa candidatar-se a cargos públicos nas próximas eleições, inclusive ao cargo de Presidente da República.

Incongruência ou não, o mais caricato é que o vice-presidente Michel Temer tomou imediatamente posse do cargo de Presidente, mas ficou a saber que não poderá recandidatar-se nas próximas eleições presidenciais porque está a braços com a justiça brasileira. Isto é deveras o Brasil no seu melhor: destitui-se a quem se reconhece o direito de reocupar o cargo de Presidente e dá-se posse a quem se diz que está impedido de o fazer no futuro.

Estas decisões mexem sempre com as pessoas e nalguns sítios houve quem saísse à rua com o intuito de arranjar confrontos manifestando-se contra não se sabe o quê. Pois incendiar carros, arrombar lojas e residências e saquear o que está à nossa frente não é propriamente uma forma de manifestação política.

Daqui a dois anos o Brasil volta a ter eleições. Vamos esperar para ver o que acontece, mas uma coisa é certa, Dilma prometeu que vai recorrer desta decisão da destituição e até lá tudo é possível na terra do samba e da bossa nova.

A Direção