Antes de ser eleito Presidente do Brasil, Lula da Silva tinha pouco para exibir, mas muito para prometer. Queria acabar com a miséria, dar corpo a uma classe média que não existia no seu País e para conquistar todas as simpatias dizia com os pulmões cheios, para que todos o ouvissem, que até ele chegar ao poder, o pobre que roubava ia para a prisão, mas o rico que roubava virava ministro.
Lula da Silva sempre prometeu ao seu povo cumprir as suas promessas e desta vez não esqueceu o que disse. Melhor que todos os outros, mesmo os seus maiores opositores e que muito criticava, Lula apoderou-se de um documento que o garantia como ministro, sem tomar posse, sem estratégia para o País, nem sequer a pensar num único cidadão brasileiro. Depois tomou posse como ministro e a única pessoa em quem pensou foi nele próprio e para se livrar de uma iminente prisão, tal a gravidade das acusações que pendem sobre si, em atos de corrupção efetuados durante os seus mandatos. Não demorou muito tempo para a Justiça brasileira suspender essa posse como ministro por existirem indícios de crime.
O problema já era grave, mas agravou-se ainda mais a partir de uma escuta telefónica recheada de contornos indecorosos e impróprios para estadistas em quem o povo depositou a sua confiança. A forma e o conteúdo da conversa entre Lula da Silva e a Presidente Dilma Rousseff trouxeram o povo para a rua numa onda de contestação como nunca visto. Lula está entalado e não se sabe como irá sair desta situação. As acusações que pendem sobre si são demasiadas e até em Portugal tem problemas, onde estão a ser investigados os encontros que manteve com o ex-primeiro ministro José Sócrates para discutirem vários negócios.
Se Lula está no caminho da desgraça, a Presidente Dilma não está em melhor situação. Mais tarde ou mais cedo acabará por renunciar, pois ninguém aguentará o clima de contestação que se vive em todo o Brasil. Já não se trata de uma contestação por políticas sociais e económicas erradas ou outras reivindicações na esfera da gestão corrente. O que está em causa é a dignidade de um País e de um povo. E o Brasil é notícia em todo o mundo pelas piores razões.
Dilma e Lula estão dependentes e prisioneiros um do outro. Por mais discursos e argumentos que apresentem, estão a empurrar, enquanto podem, qualquer resolução, pois têm a perfeita consciência de que uma vez caídos do poleiro do poder, a imunidade que ainda gozam vai desaparecer e tudo lhes poderá acontecer.
Como dizia Churchill, a democracia sempre foi o regime ideal, porque nunca conheceu outro mais perfeito. Mas, desta vez, a democracia no Brasil está a retirar a esperança ao povo que sempre sonhou com melhores dias e que, curiosamente, começaram a ser alimentados por Lula da Silva.
A Direção