NADA SERÁ COMO DANTES

A França já anunciou que a partir de 2040 será proibida a venda de carros com motores convencionais. A partir dessa data cessam, também, todos os apoios a projetos que incluam combustíveis fósseis. Neste contexto, os carros serão movidos a eletricidade e todos os construtores automóveis aceleram já as investigações para o desenvolvimento dos veículos do futuro. É muito provável que Alemanha, Holanda e Noruega se antecipem à França nos mesmos propósitos e a “revolução” verde chegue ainda mais depressa.

O mesmo vai acontecer com muitos outros negócios e industrias, o que leva a crer que num futuro muito próximo o mundo será diferente daquele a que nos habituamos. Quem não se lembra da empresa Kodak que nos fazia felizes através das fotografias? A Kodak era uma industria que há menos de 20 anos, empregava 170 mil pessoas e vendia 85% do papel fotográfico em todo o mundo. Já no início deste século todo esse negócio faliu e a Kodak já não existe mais.

Apesar da resistência de alguns, que sempre existiu e assim vai continuar, a certeza, porém, é que a inovação é imparável e as transformações estão em ritmo acelerado. A realidade acompanha a imaginação e os dados estão à vista.

Quem diria que a maior empresa de táxis do mundo é o UBER e que nem sequer é proprietário de um único carro? No mesmo sentido, o maior grupo hoteleiro do mundo chama-se Airbnb e não só não tem hotéis, como nem sequer é dono de uma cama. Tudo se passa através das novas ferramentas de trabalho criadas com o desenvolvimento das novas tecnologias.

Há profissões que vão desaparecer e outras que serão restringidas e para se enfrentarem todas estas transformações, que estão mesmo aqui à nossa porta, deveremos estar atentos e preparados para se evitarem as graves consequências dos choques, que já não são apenas de gerações. É toda uma questão cultural que está em mudança e que se impõe mais rápido do que qualquer outra experiência vivida anteriormente.

Como referência, as Universidades continuam a formar jovens altamente qualificados, mas sem perspetivas de futuro. Os advogados, por exemplo, devem ficar reduzidos a 10% do número existente hoje no mercado. As plataformas do futuro vão oferecer todo o aconselhamento jurídico que hoje se pratica em consultas presenciais e, nalguns casos, sem a mesma eficácia.

Face a tudo isto, as próprias cidades vão ser diferentes, uma vez que o trabalho a partir de casa ganhará maior volume. Com os carros diferentes e a circulação reduzida, não fará mais sentido comprar automóvel, uma vez que com ou sem condutor qualquer veículo estará disponível para a satisfação de cada um, sem recurso à sua propriedade. O sentimento de posse deixará de fazer sentido, pois tudo fica disponível para utilização.

A eletricidade vai ser limpa e barata, enterrando-se definitivamente os combustíveis fósseis. O que vai acontecer aos países que dependem, exclusivamente, do petróleo é uma incógnita. A única certeza é que nada será como dantes.

JP