MIGRAÇÕES

Viver e trabalhar no Canadá é talvez um dos maiores desejos de quem não se identifica com o seu lugar de origem ou aí não encontra soluções e pretende abraçar novos projetos de vida. Este sentimento de migração está presente em todos os cidadãos que não se resignam e não se deixam depender do que o seu Estado reserva para o seu futuro. Quem tem iniciativa empreendedora procura sempre o caminho mais certo e adequado às suas necessidades. Todos sabemos que o Canadá é um bom destino e que precisa de população e especialmente de mão-de-obra especializada, nos mais diversos setores da economia. Mas o Canadá não aceita todos, a exigência é crescente de ano para ano.

As notícias mais recentes mostram-nos graves problemas sociais e políticos em determinadas partes do mundo, pela tentativa de fuga de milhares de pessoas, na ânsia de chegarem ao destino desejado. Embora no Canadá os clandestinos sejam todos os que chegam e depois atrasam ou recusam o seu regresso, há outros sítios do mundo onde essa experiência é diferente e bem mais dramática. Os Estados Unidos são desde sempre o País mais requisitado e vigiado. Mas, ultimamente, a Europa do sul é notícia pela invasão que se verifica a partir do norte de África. A Inglaterra, que até há pouco pensava que esse problema era exclusivo da Espanha, Itália e Grécia, está agora também a braços com a tentativa de invasões através do Canal da Mancha. Assiste-se neste momento, na Europa, à maior tragédia migratória desde a segunda guerra mundial.

As migrações humanas sempre ocorreram, quer por causas políticas, económicas, religiosas, étnicas, ou quaisquer outras razões de importância forçada ou puro aventureirismo. A maioria dos que mudam de País ou região nunca esquecem as suas origens e, regra geral, misturam práticas e costumes, quer se trate de migração temporária ou permanente.

O mundo mais rico procura travar estes movimentos através da força policial e sem verdadeiras políticas de imigração. Este fenómeno das fugas, tal como está a ser praticado, é bem familiar dos portugueses de há meio século. Faz parte da História da emigração portuguesa os célebres “saltos” para França a partir dos anos 60. A exploração desses emigrantes começava logo no transporte até aos Pirinéus. Quantos terão sido abandonados e mesmo morrido durante o percurso?

Uma vez chegados a França muitos foram depois vítimas das maiores discriminações no trabalho. Eram permanentemente humilhados e, mesmo assim, preferiam ficar do que regressar à sua aldeia natal. Esses portugueses habitavam os “célebres” bairros de lata de Champigny, nos arredores de Paris. Segundo as Leis francesas, nessa época, não tinham sequer direito a constituir empresas. Limitavam-se a ser mão-de-obra barata e disponível. Por isso, há que puxar da memória e contribuir para ajudar a resolver os problemas das migrações modernas e que nunca vão parar.

A Direção