MAIS UM ESPAÇO ÚNICO EUROPEU

Até final do próximo ano a Europa prepara-se para acabar com as tarifas de roaming, pondo, assim, fim a mais uma das barreiras que ainda divide o espaço europeu. Os 28 Estados membros da União Europeia fizeram aprovar recentemente, no Parlamento de Estrasburgo, o pacote de medidas legislativas com vista à criação de um mercado único europeu de telecomunicações.

Até aqui, e assim vai continuar por mais um ano e meio, cada País europeu tinha as suas operadoras com realidades diferentes para cada sítio. Essas diferenças associadas à existência de roaming, obrigavam os utentes a pagar sempre mais porque utilizavam as comunicações fora do País subscritor. À partida pensava-se que as empresas faturariam mais e daí tirariam melhores proveitos. Mas, afinal, tudo estava ao contrário.

A existência de tarifas de roaming tem feito com que cada cidadão europeu seja mais comedido na utilização do seu telemóvel fora do seu País. Um estudo recente demonstra que quase 50% dos europeus não utilizam a internet móvel quando viajam noutro País da União Europeia; mais de 25% desligam mesmo os telemóveis; e, somente um em cada 10 utiliza o serviço de mensagens de correio eletrónico como se estivesse em sua casa. Este estudo refere ainda que no futuro, com a extinção das tarifas de roaming, as empresas de telecomunicações vão ganhar 300 milhões de novos clientes. O aumento da quantidade de tráfego trará consequências financeiras mais positivas para as operadoras.

Com esta medida, a Europa ficará mais unida, mais centralizada e menos fragmentada. Sem fronteiras, com a mesma moeda em 18 países e uma série de regras e legislação comuns, vai ganhando mais forma o grande sonho dos pensadores desta Europa que é a criação do cidadão europeu, em detrimento da cidadania de cada País, tal como se vive e se sente a vida no Canadá ou nos Estados Unidos.

Mas como não há bela sem senão, veremos como reagirão os países europeus e, nomeadamente, Portugal, quando chegar a hora de o controlo do espaço aéreo passar também para um espaço único europeu. Essa unanimidade vai ser mais difícil, porque a rentabilidade das fronteiras aéreas ainda vale muito dinheiro e importância estratégica.

A Direção