LÍDER DO RUANDA CRITICA FRANÇA NA HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DO GENOCÍDIO

800.000 pessoas foram massacradas. (Corinne Dufka/Reuters)
800.000 pessoas foram massacradas. (Corinne Dufka/Reuters)
800.000 pessoas foram massacradas. (Corinne Dufka/Reuters)
800.000 pessoas foram massacradas.
(Corinne Dufka/Reuters)

O presidente do Ruanda, advertiu a França de que nenhum país é tão poderoso que possa mudar os factos, mesmo quando pensa que é, durante as comemorações do 20.º aniversário do genocídio no país.
Embora tivesse feito o seu discurso em inglês, perante milhares de ruandeses, um dia depois do seu executivo ter voltado a acusar a França, aliada do governo hútu no poder em 1994, de ter tido um papel direto na preparação do genocídio e numa cerimónia transmitida pelo “site” oficial das comemorações do genocídio, na qual a França não participa, Kagame criticou em francês, também os responsáveis belgas e a Igreja católica por instaurarem uma organização política no Ruanda responsável pelo ódio étnico que desencadeou o massacre de 800.000 pessoas, na maioria tutsis.
O presidente ruandês assinalou a força de um povo que escolheu permanecer unido após a tragédia, adiantando que o Ruanda poderia ter sido um Estado falhado e poderia ter-se transformado num protetorado permanente da ONU.
Na cerimónia no estádio Amahoro de Kigali, onde cerca de 12.000 pessoas se refugiaram durante a matança ocorrida há duas décadas, estiveram na segunda-feira familiares das vítimas vindos de todo o país e personalidades como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e o ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki.
O genocídio começou a 07 de abril de 1994, um dia depois de o avião do presidente ruandês hutu Juvenal Habyarimana ter sido abatido, quando regressava da Tanzânia onde decorriam negociações de paz com os rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa (FPR, de maioria tutsi e atualmente no poder) e segundo a ONU, cerca de 800.000 pessoas foram mortas em quase 100 dias, com os tutsis a serem acusados de conluio com os rebeldes.
Homens, mulheres e crianças foram exterminados por extremistas hutus à catanada, nas ruas, nas suas casas e mesmo em escolas e igrejas onde pensavam estar em segurança, agora as comemorações decorrem sob o tema “Lembrança, unidade, renascimento” e incluem um período de 100 dias de luto nacional.