JUSTIÇA E CORRUPÇÃO

Em todos os países há corrupção. A diferença está na intensidade com que é praticada. Desde 1995 que se vem publicando o Índice de Perceção da Corrupção, um estudo desenvolvido em 174 países, e que pretende mostrar onde há falta de transparência e abunda o suborno, o tráfico de influências, o peculato, a extorsão e tudo que envolve a corrupção. Chama-se perceção porque é o método mais fiável de fazer comparações dos vários níveis de corrupção, uma vez que este conceito pode variar de País para País. Há, por exemplo, determinados financiamentos políticos que são legais num sítio e proibidos noutros. Há favores que têm um custo elevado em determinado País e noutro esse favor é entendido como uma função essencial.

Seja como for e tendo em atenção todas as variantes que podem influenciar este ranking, consegue-se chegar a uma ponderação tendo por base inquéritos e estudos de instituições independentes especializadas em governance. Países escandinavos, com a Dinamarca à frente, Nova Zelândia, Austrália, Singapura e Canadá (9º lugar) são os países menos corruptos do mundo. Portugal está em 31º lugar (num total de 174), duas posições melhor do que o ano passado e, reconhecidamente, bem classificado face a Espanha, Itália, Grécia, toda a Europa do leste, países africanos, asiáticos e latino americanos.

A maioria dos atos de corrupção envolve funcionários dos Estados, pessoas que trabalham no meio de processos de interesse público e que se deixam subornar em troca de facilitação na análise e despacho desses processos. Os países que vivem sob crises profundas são mais vulneráveis a este tipo de ações. Os funcionários da administração pública ficam mais permeáveis ao suborno, espreitando sempre a melhor oportunidade para enriquecimento rápido e ilícito.

A justiça procura contrariar estas tendências. Assiste-se um pouco por todo o lado ao esforço incessante de combater estas fraudes e promover a maior transparência nas relações comerciais em todo o mundo. Só o simples facto de existir este tipo de ranking na corrupção põe muita gente a pensar e a lutar pelos melhores resultados. De vez em quando surgem casos muito mediáticos, envolvendo figuras ilustres em situações menos claras e de muita dúvida. Antes, ninguém imaginaria que membros de casas reais e outros responsáveis ao mais alto nível das nações pudessem ser identificados e incomodados pela justiça para clarificar apontamentos duvidosos. Assim sendo, é bom salientar e louvar que a justiça esteja a dar boa conta da corrupção. Se todos colaborarem ainda será melhor. Viver e investir com transparência é outro asseio e a forma mais justa de gerir o tempo e precaver o futuro.

A Direção