JULGAMENTO HISTÓRICO

Correio da Manhã Canadá

Só a História poderá julgar as atrocidades que se cometem ao planeta e cujas consequências são imprevisíveis. Tempestades sempre houve, arrastando povos para a desgraça. Mas o que se está a passar, na atualidade, parece ultrapassar o que se poderá designar de fenómenos naturais e entramos na esfera dos casos provocados.

A comunidade científica tem avisado de forma incisiva que é imperativo reduzir-se as emissões de dióxido de carbono para se evitar ou poder-se controlar melhor o aquecimento global, a que estamos a assistir. Representantes de 195 países conseguiram, há dois anos, o acordo histórico em Paris, que foi subscrito por todos e para que todos zelassem pela saúde da Terra.

O que inicialmente foi considerado o primeiro acordo mais abrangente da História moderna, acabou por passar à História, porque o Presidente Donald Trump, uma vez chegado ao poder, achou por bem denunciar o acordo e anunciou que os Estados Unidos continuariam a poluir como sempre fizeram, dando a entender que esta coisa do aquecimento global é uma grande treta.

As consequências estão à vista. A América Central, o Caribe e parte dos Estados Unidos têm sido devastados com os maiores furacões de sempre, sismos e outras tempestades que provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhões de pessoas. Os ventos chegaram a atingir velocidades próximas dos 300 quilómetros por hora e há ilhas que embora não tivessem desaparecido, ficaram totalmente arruinadas.

O próprio Papa Francisco disse, recentemente, que quem negar as alterações climáticas será julgado pela História. Todas as pessoas e especialmente os políticos devem levar este assunto muito a sério. As palavras são bonitas e elucidativas, mas será que surtirão algum efeito nos principais responsáveis?

A esta hora é preciso arregaçar mangas e começar o trabalho de reconstrução. Entre tanta destruição e miséria, as empresas norte americanas são as primeiras a chegar e a repor tudo em ordem. A visão climática de Donald Trump é que depois da tempestade vem a bonança e é nestas passagens que se fatura e ganha a vida. Se amanhã já não houver alternativas e o planeta perder com isso, já cá não estarão os principais responsáveis e como diz o Papa, será a História a julgá-los. Agora, a política não é de defesa do ambiente, mas sim de reconstruir-se o danificado e faturarem-se muitos dólares.

Relembramos que os maiores poluidores do mundo são os Estados e a China, representando cerca de 40% das emissões globais para a atmosfera. A China está a cumprir o acordo de Paris, numa demonstração de boa vontade. Porém, os Estados Unidos continuam a afirmar que mais importante do que o aquecimento global e as consequências para a Humanidade, é a vida e os salários dos mineiros norte americanos. O julgamento Histórico vai ser implacável. Pena será que seja tarde.

JP