HERÓIS INVOLUNTÁRIOS

O homem sempre se serviu dos animais para fazer as suas guerras e sempre os sacrificou. Desde o tempo da Antiga Grécia que há relatos da participação de animais em conflitos armados entre os homens e, nalguns casos, foram mesmo decisivos para o desfecho das guerras.

Essencialmente cavalos e cães são as espécies mais sacrificadas e aproveitadas pelos homens. Mas também muitas aves transportaram bombas que serviram para surpreender as tropas inimigas. Também camelos, elefantes e, mais recentemente, golfinhos e leões marinhos foram usados para satisfação bélica da espécie humana.

Antes das armas de fogo, os animais serviam para tudo. Por exemplo, a conquista da América espanhola contou com muita ajuda de cães que eram atiçados para cima dos nativos. Com o desenvolvimento da industria de guerra, os animais passaram a incorporar grupos especializados para operações determinadas.

Até ao século XX toda a cavalaria dos exércitos era montada a cavalo. A I Guerra Mundial, também conhecida pela guerra das trincheiras, alterou este cenário. Os exércitos passaram a necessitar mais dos cavalos para transporte de cargas pesadas do que colocá-los na frente da batalha. Os animais eram ensinados a farejarem bombas e a transportarem mantimentos e outras cargas perigosas para no final serem descritos como heróis involuntários.

Os cães adquiriram o estatuto de sentinelas, batedores e chegaram a ser martirizados ao transportarem bombas para destruição do arsenal de guerra dos inimigos. Tantas funções que os animais desempenhavam que até chegaram a ser condecorados como se de soldados se tratassem.

Os Estados Unidos criaram, mesmo, durante a Segunda Guerra Mundial, o K-9 Corps, conhecido como o Regimento Canino do exército americano. Embora se diga que o maior extermínio de animais, durante a II Guerra Mundial, pertença ao Japão, foram os ingleses que em 1939 mataram cerca de 750 mil animais domésticos, numa semana, com o argumento da necessidade de se pouparem alimentos. O Governo de Londres tinha legislado sobre os animais “não essenciais” e mandou matá-los para melhor racionamento da pouca comida disponível.

Talvez por isso e com um grande complexo de culpa, hoje, em Londres, há um monumento que procura imortalizar a presença dos animais nas guerras e as atrocidades cometidas pelos humanos. Essa foi, talvez, a melhor forma de prestar homenagem a tantas vítimas inocentes, já descritos como os heróis involuntários, através do Animals in War Memorial. Pena é que muita gente passe ao lado do monumento sem saber do que se trata e nem sequer se preocupar em tentar perceber o seu real significado.

JP