Heróis de abril

Correio da Manhã Canadá

Perguntámos a Ricardo Costa, presidente do PS de Guimarães, que fizesse um exercício: ‘se vivêssemos num contexto de liberdade em 1953, altura em que vieram os primeiros portugueses para o Canadá, haveria ou não uma diáspora de luso-canadianos tão vasta?’ A resposta que, poderá ler atentamente nas páginas da edição desta semana, remete-nos para um desafio muito nosso, de cada um de nós, estimado(a) leitor(a). O ex-vereador da Câmara de Guimarães não se inibiu de dar uma opinião acerca do assunto. Foi perentório
na sua resposta.

Portugal, em 1953, era um país ditatorial, atrasado, afastado de tudo
e de todos. Hoje em dia, a globalização e a liberdade mudaram a sociedade portuguesa, assim como o mundo. Ricardo Costa acredita que a diáspora xistiria, até porque o nosso país ainda é um verdadeiro exportador de mão humana. Com a liberdade, a educação evoluiu em Portugal e, com isso, o país que investe e se foca no lado intelectual dos jovens é o primeiro a deixá-los fugir em busca de um sonho maior. Com isso ganham eles, mas perde Portugal.

A liberdade trouxe vantagens e desafios gritantes. Manter os mais inovadores jovens portugueses que estudam nas melhores universidades nacionais a permanecer em Portugal torna-se uma tarefa hercúlea para os políticos do presente. Os salários não são grande coisa, comparados com aqueles que no Canadá se praticam, por exemplo. Mas todos sabemos que o custo de vida no nosso país é suportável para quem vive em países cujos ordenados são mais em conta. Mais uma vez, os luso-canadianos sabem que, ao chegarem a Portugal, têm um alto poder de compra. Podemos assumir que viver em Portugal, um país virado para o turismo, é fantástico para quem tem poder de compra. Assim como para os turistas e para os luso-canadianos que regressam às origens para matar as saudades de
casa.

Portugal foi um país de inovadores, conquistadores, mas a falta de liberdade, durante mais de meio século, atrasou um povo ou proporcionou a uma parcela uma conquista fora de portas. Os pioneiros, que viajaram para países como o Canadá, continuaram também a manter vivos os pergaminhos da história e das tradições portuguesas. Não serão forçosamente os heróis de abril, mas os que saíram em busca de uma vida melhor antes de 25 de abril de 1974 continuaram a manter viva a real essência do ser-se português. E eles são dignos do estatuto de verdadeiros “heróis do mar”.

Feliz dia da Liberdade!