HARPER OU TRUDEAU?

Na próxima semana o Canadá vai a votos para eleger o novo Parlamento e, consequentemente, o novo Governo. Os Conservadores, no poder desde 2006, correm o risco de perder a liderança do País, face às últimas sondagens, que dão a vitória aos Liberais, dirigidos por Justin Trudeau. Enquanto essa disputa continua bem acesa, assiste-se à perda de força do NDP e à fraca prestação dos Verdes.

Embora ainda se trabalhe as ideias do futuro sob os últimos resultados de sondagens e especulações, o certo é que a margem de erro das previsões é cada vez menor, acreditando-se mesmo que poderá haver mudança nas políticas canadianas e pelo lado que menos se esperava, há pouco tempo atrás. O NDP chegou a posicionar-se, nas intenções de voto, como um dos sérios candidatos à vitória. Mas a sua queda tem sido proporcional face à subida dos Liberais.

Espera-se, por isso, que a decisão seja entre Justin Trudeau e Stephan Harper. Justin Trudeau entrou para o Parlamento canadiano em 2008 e foi reeleito em 2011. É o filho mais velho do carismático ex-primeiro-ministro Pierre Trudeau que deixou marcas na política e na vida dos canadianos durante os 15 anos em que governou. Primeiro numa fase de 11 anos e depois num segundo período de quatro anos. Justin Trudeau tem feito o seu percurso com muita acutilância privilegiando os temas da Imigração, Multiculturalismo e Cidadania. Para um País multicultural, como é o Canadá, está mesmo a ver-se as novas tendências e expetativas.

Harper, por seu turno, passa a imagem da segurança, do bem-fazer e da ausência do inesperado. O que tem de ser tem a sua força e o candidato acredita na confiança e rigor que empresta à sua imagem. A maior concentração do seu eleitorado situa-se na região centro, nas pradarias, ao passo que o seu opositor direto chega mais próximo da juventude e da população litoral.

No Canadá, o voto não é obrigatório mas é decisivo. Na próxima semana veremos o que vai passar-se, após uma invulgar campanha eleitoral, devido à sua exaustiva duração. Foram muitas semanas de campanha, nada habitual no Canadá, e que serviram para desgastar as ideias e propósitos de uns, ao passo que alimentaram esperanças e serviram de vitamina para outros.

Caso Justin Trudeau vença as eleições, inicia-se no Canadá uma espécie de fenómeno dinástico, a exemplo do que se passou nos Estados Unidos com os Kennedy, ou na Índia com os Gandi, cujo apelido é demasiado forte, superando as ideias, os programas e todos os argumentos. O carisma transforma- se na principal arma de influência e os canadianos vão decidir.

A Direção