GRÉCIA ESTICA A CORDA

A Grécia anda nas bocas do mundo por todas as razões, quer pelos que aplaudem o novo braço de ferro criado com a eleição do novo Governo de Atenas, quer por aqueles que estando do outro lado puxam dos galões e fazem valer os seus créditos e toda a sua autoridade. Convenhamos que o novo Governo grego, saído de uma amálgama de orientações de extrema-esquerda com coligação à direita anti Bruxelas, anda a provocar todo um sistema montado e pensado para funcionar na perfeição.

O mundo sabe que a Grécia foi o primeiro País europeu da zona euro a solicitar ajuda financeira internacional devido ao descalabro das suas contas. Esta crise era uma novidade na Europa e tornou-se imperativo encontrar uma solução com a participação de todos os parceiros europeus. Assim foi, só que a crise não se limitou à Grécia. Seguiram-se a Irlanda, Portugal, Chipre e ajuda à banca espanhola e italiana. Pelo meio outros países também não davam indicações de boas contas.

No meio de tantos turbilhões, o temporal financeiro e económico começou a acalmar. A Irlanda cumpriu, Portugal também, embora se saiba os custos sociais que essa recuperação está a custar. Todos os outros países foram encontrando a sua própria solução, menos um: a Grécia, que continua a ser a maior dor de cabaça. E ao problema criado e não resolvido juntam-se as provocações que estão a deixar os outros líderes europeus apreensivos. A primeira de todas as provocações foi o primeiro ato político do novo primeiro-ministro. Dependendo a Grécia da ajuda e compreensão dos parceiros comunitários, Alexis Tsipras entendeu por bem, após a tomada de posse, receber em primeiro lugar o embaixador russo em Atenas. Não bastando isso, de seguida choveram anúncios de decisões julgadas contrárias à recuperação, que já não poderiam ser vistas como promessas eleitorais, pois o novo Governo já estava em funções. Entre essas medidas contavam-se o aumento do salário mínimo em mais de 30% e o fornecimento de energia gratuita a mais de 300 mil pessoas.

Em conclusão, o novo Governo de Atenas, que não usa gravata nem se faz acompanhar de mulheres, está a esticar a corda até ver onde pode chegar. O problema é que o efeito contágio parece estar em evidência e para muitos povos do sul da Europa começa a ser cómodo conjugar o verbo renegociar em vez de cumprir. Vamos ver quem irá determinar onde mora a razão. Para já, as tais medidas populistas foram adiadas e as palavras com cheiro a revolta ganharam outra forma. Se o governo grego tem legitimidade para dizer que não paga, também os governos dos países escandinavos e outros parceiros credores têm legitimidade para dizer que não emprestam mais. Vamos ver quem irá determinar onde mora a razão. Para já, as tais medidas do agrado popular foram adiadas.

A Direção