Gasodutos polémicos: ONU critica Canadá por resposta à oposição indígena

Foto: DanMesec.
Foto: DanMesec.

As Nações Unidas criticaram o Governo do Canadá pela forma como está a lidar com a oposição de grupos indígenas a dois gasodutos polémicos. Um comité dedicado ao combate ao racismo diz que as obras não podem avançar sem com o consentimento dos manifestantes.

O Governo do Canadá só pode avançar com a construção de dois polémicos gasodutos quando tiver o consentimento das comunidades indígenas afetadas. É o que diz um comité de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) focado no combate ao racismo.

O Comité da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial diz ter recebido informações das comunidades indígenas de Wet’suwet’en e Secwepemc, que se opõem à construção do gasoduto Coastal Gas Link, no norte de British Columbia (B.C.), e à expansão do gasoduto Trans Mountain, de Alberta até a costa de B.C.

De acordo com uma carta do comité, redigida a 29 de abril, os opositores alegam que a vigilância e o uso da força aumentaram contra quem é contra os gasodutos. As comunidades indígenas dizem mesmo que o objetivo é intimidá-las e expulsá-las das suas terras.

A carta foi enviada a Leslie Norton, representante do Canadá na ONU em Genebra.Aponta para uma decisão de 2019 do comité,que pediu ao Canadá para interromper “imediatamente os despejos forçados” e para suspender a construção dos gasodutos.

Até ao fecho desta reportagem, o Governo federal e o executivo de B.C. ainda não tinham respondido aos pedidos de comentários sobre as preocupações apresentadas pelo comité.

Já a Royal Canadian Mounted Police (RCMP)reforçou a sua operação nos locais de construção do gasoduto Coastal Gas Link, tendo em conta aquilo que descreve como sendo um “confronto violento” contra os trabalhadores da obra.

A polícia diz-se preocupada com a segurança das pessoas na área. Está, por isso, a patrulhar “terrenos públicos para garantir que ninguém monte estruturas que impeçam o acesso” ao local da construção.