FOI HÁ 43 ANOS

Comemora-se hoje em Portugal a Revolução de 25 de Abril, também conhecida como a Revolução dos Cravos e que pôs fim a um regime ditatorial que governou o País durante 48 anos.

Com a devida distância do tempo e do espaço, devemos analisar esta data não só pelos factos, mas também pelo sentimento histórico que começa a despertar e a fazer todo o sentido. As novas gerações de portugueses e de lusodescendentes, quase regra geral, querem saber tanto do 25 de Abril, como os seus pais se preocuparam com o fim da Monarquia e a implantação da República.

Esse afastamento da juventude não pode ser sistematicamente criticável, até por que quem já nasceu e vive em países de regime aberto e democrático aborda estes assuntos com a distância que lhe é devida.

O 25 de Abril de 1974 em Portugal foi uma ação liderada por um movimento militar. Em causa estava não apenas o subdesenvolvimento, a falta de liberdades e a ignorância do povo, mas essencialmente uma guerra colonial em várias frentes de batalha – Guiné, Angola e Moçambique com real teatro de guerra e Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Macau e Timor com forte presença militar. O designado Estado Português da Índia já não fazia parte deste cenário porque tinha-se desanexado de Portugal em 1960.

Portugal era em 1974 o último império colonial europeu e que tardava em descolonizar, por teimosia do regime, apesar das críticas da comunidade internacional que apoiava claramente os movimentos de libertação. Portugal vivia isolado e não se tinha reformado, como outros fizeram após a II Guerra Mundial. A Ditadura Nacional imposta em 1926 e que mais tarde, em 1933, passou a designar-se de Estado Novo, tinha planos de desenvolvimento e crescimento muito próprios e que só eram possíveis de alcançar mantendo intacto o império.

Os portugueses, que não se tinham envolvido na segunda guerra mundial, passaram a partir de 1961 a lutar e a defender territórios que estavam longe, noutros continentes. Por essa ocasião, o mundo ocidental já estava recuperado da devastação da Guerra de 1939-1945 e prosperava em todos os sentidos, enquanto os jovens e as famílias portuguesas limitavam-se a alimentar um conflito sem fim à vista.

Os jovens estudavam para adquirir uma patente militar e não a pensar no desenvolvimento do País. Muitos outros desertaram em oposição às políticas da ditadura. Alguns deles vieram para o Canadá e aqui cresceram e desenvolveram com sucesso as suas atividades intelectuais e económicas. Após quase 14 anos de guerra dura e desgastante, os mesmos militares que suportavam o regime, derrubaram-no através de um golpe militar rápido e eficiente.

A data do 25 de abril ficou para a História do País. Mas não estranhem os mais fervorosos entusiastas da revolução que irá ser sempre assim. As novas gerações estão a distanciar-se e as suas exigências de hoje são bem diferentes dos valores a que os saudosos se habituaram.

A Direção