

(FILIPA COUTO)
As suspeitas de tráfico de crianças, tal como acontece com ‘Maria’, menina loura de quatro anos encontrada num acampamento cigano na Grécia, onde os falsos pais a obrigavam a pedir esmola, levaram a Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP de Lisboa a pedir testes de ADN às 30 crianças escravizadas e forçadas a atacar ao lado da máfia bósnia – 15 adultos presos, em outubro de 2012, por assaltos milionários de norte a sul. E os exames confirmaram o pior. A maioria é filha de outros pais.
Na maioria dos casos, ao contrário do que indicam os documentos de identidade daquelas 30 crianças – 27 das quais ainda estão em Portugal institucionalizadas; só três foram entregues aos verdadeiros pais –, os menores têm passaportes autênticos mas emitidos a partir de certidões de nascimento falsas, no que diz respeito aos nomes dos pais e aos locais do nascimento.
Os perfis de ADN das crianças – que têm entre três meses e 14 anos e que serão bósnias –, quando comparados com os dos 15 adultos, vieram revelar à Unidade de Intervenção da GNR, que atuou em articulação com o SEF, que, ao contrário do que se lê nos passaportes, os menores não são filhos dos assaltantes mais velhos, mas de outros imigrantes – que estão fora de Portugal e que serão, alguns, familiares dos 15 detidos.
Os menores eram escravizados – forçados a fazer assaltos em toda a Grande Lisboa e em Fátima, por exemplo, ao lado dos 15 adultos. Estes roubos renderam à rede, de 2009 a 2012, mais de meio milhão de euros.