

A culpa é da Amália Rodrigues, que levou o fado lá para fora e criou apetência pela música portuguesa no estrangeiro”, diz Katia Guerreiro, artista que atualmente, e seguindo uma tendência dominante, tem uma carreira “80 ou 90% feita lá fora”.
Como ela, muitas outras fadistas, como Mísia, Mariza, Carminho, Cristina Branco ou Mafalda Arnauth. Cantam mais no estrangeiro do que em solo nacional, e quando questionadas sobre as razões de tal opção, garantem que não é por causa do dinheiro.
Embora seja indesmentível que os discos se vendem cada vez menos, assegurando um rendimento cada vez mais escasso, a “paixão” e o “gosto por trabalhar” vem em primeiro lugar quando se fala de internacionalização.
“Pessoalmente, tenho dificuldade em falar de dinheiro, porque não é isso que me move”, diz Carminho. “Passa mais por fazer aquilo de que gosto e em que acredito”, conta, explicando que uma carreira lá fora não se faz. Vai-se fazendo. “Quanto mais saímos, mais conhecidas nos tornamos e isso tem o efeito bola de neve. Mas é um trabalho de persistência”, afirma a fadista.
João Pedro Ruela, que foi manager de Mariza durante muitos anos, refere que a tendência de mercado se inverteu e que são os concertos – lá fora e cá dentro – que potenciam a venda de discos.
“Depois de anos de investimento, o fado criou o seu próprio circuito e estimula a venda dos discos. Há artistas nacionais que têm o mercado internacional aberto e que estão a aproveitar a oportunidade”, adianta. De cachê é que ninguém fala. “Não é a nossa forma de estar”, conclui Ruela.