Cao Guangjing, ex-presidente da China Three Gorges, o maior acionista da EDP, considerou hoje “um passo normal” a sua saída da empresa e negou que a mudança esteja relacionada com uma recente investigação feita aquela companhia estatal chinesa, adiantando que a mudança de quadros entre as grandes empresas estatais e instituições governamentais é um fenómeno muito comum na China, sendo por isso, um passo normal na carreira dos quadros dirigentes chineses.
Estas foram as primeiras declarações públicas após o anúncio da sua saída da presidência da China Three Gorges (CTG), Cao Guangjing tem 50 anos, é membro do suplente do Comité Central do Partido Comunista Chines (PCC), vai assumir na próxima semana o cargo de vice-governador da província de Hubei, no centro da China.
Lu Chun, outro quadro ligado à construção e gestão da Barragem das Três Gargantas do rio Yangtze, é o novo presidente da CTG.
O diretor-geral da empresa também mudou, com Chen Fei a ser substituído por Wang Lin.
“A mudança na direção da CTG, anunciada esta semana, ocorre um mês depois de serem conhecidos os resultados de uma investigação à empresa feita pela Comissão Central de Disciplina do PCC.
Ao anunciarem a nomeação dos novos líderes da empresa, a CTG e a agência noticiosa oficial Xinhua também não relacionaram a mudança com a referida investigação nem com as “irregularidades” detetadas na altura, nomeadamente “abuso de poder em licitações e contratos de projetos” e “ineficiências na comunicação entre funcionários com cargos importantes.
A província de Hubei, onde se encontra a Barragem das Três Gargantas, tem cerca de o dobro da superfície de Portugal e mais de 60 milhões de habitantes.
A China Three Gorges tornou-se o maior acionista da EDP (Energias de Portugal) em 2012, depois de ter pago 2,7 mil milhões de euros por 21,35% do capital da elétrica portuguesa.
Foi um dos maiores investimentos chineses na Europa e o início de uma nova era nas relações económicas luso-chinesas.
A participação no capital da EDP detida pela China Three Gorges foi comprada ao Estado português na sequência de um processo de privatização a que concorreram também duas empresas brasileiras e uma alemã.
Depois dessa operação, outra grande empresa estatal chinesa, a State Grid, comprou 25% do capital da REN e em janeiro passado, o governo português aceitou a proposta do um consórcio privado de Xangai, o grupo Fosun, para comprar as seguradoras da Caixa Geral Depósitos.