ESTUDO: TAXAS CRESCENTES DE DIABETES E OBESIDADE COLOCAM EM RISCO A SAÚDE DE GRUPOS ÉTNICOS

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As taxas de obesidade, diabetes e hipertensão arterial, em constante aumento, durante a última década, têm aumentado dramaticamente o risco de ataques cardíacos e apoplexias entre alguns grupos étnicos de canadianos, apontam os investigadores.

Um estudo do Ontário determinou que entre 2001-2012, as taxas de diabetes mais do que duplicaram entre os homens do sul da Ásia e quase duplicaram entre as mulheres negras.

Enquanto que os níveis de obesidade aumentaram entre todos os grupos étnicos e sexos, o maior aumento foi observado em homens chineses, cuja taxa mais do que duplicou durante o período do estudo.

“Nós descobrimos que a diferença mais marcante foi entre a prevalência de diabetes”, referiu a investigadora Drª. Maria Chiu, uma cientista do Institute for Clinical Evaluative Sciences (ICES) em Toronto.

O estudo, publicado na segunda-feira na revista BMJ Open, analisou dados de quase 220.000 residentes do Ontário que responderam a inquéritos de saúde – Canadian Community Health Surveys – da Estatísticas Canadá entre 2001-2012.

Acredita-se que seja o primeiro do género no Canadá a examinar as tendências dos fatores de risco cardiovasculares de grupos étnicos específicos ao longo do tempo.

A análise mostrou que as mulheres e os homens negros e homens do sul da Ásia tiveram os maiores aumentos em fatores de risco para o declínio da saúde cardiovascular no período.

A má alimentação foi um forte indicador por trás do aumento no risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral, disse Chiu.

De acordo com os inquéritos de saúde da Statistics Canada, a proporção de homens do sul da Ásia que relataram que não comem frutas ou vegetais pelo menos três vezes ao dia aumentou significativamente ao longo dos últimos 12 anos.

As mulheres negras apresentaram um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares do que os homens negros, principalmente por causa da dieta mais pobre e níveis mais elevados de stress psicossocial.

Este grupo de mulheres teve o aumento mais “drástico” das taxas de hipertensão arterial entre as comunidades étnicas estudadas, subindo de 20 por cento em 2001 para 27 por cento em 2012.

As mulheres negras eram mais propensas a ser obesas e menos propensas a consumir frutas e verduras regularmente, acrescentou Chiu, notando que 20 por cento das mulheres negras eram obesas em 2012, em comparação com 16 por cento dos homens negros, embora a taxa de obesidade destes também tenha subido ao longo do tempo.

A obesidade pode levar a diabetes tipo 2, o que aumenta o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e outras condições de saúde graves, como insuficiência renal.

No entanto, o aumento nas taxas de obesidade foi mais pronunciado entre os homens chineses, descobriram os cientistas do ICES.

Canadá é um dos países com maior diversidade étnica do mundo. Em 2011, mais de seis milhões de indivíduos nascidos no estrangeiro encontravam-se a viver no Canadá, o que representa um quinto da população.

Se nada for feito para reverter as tendências indicadas pelo estudo, a saúde desses grupos étnicos vulneráveis continuará a agravar-se, previu Chiu.

A Drª. Sonia Anand, uma investigadora na saúde cardiovascular da população na Universidade McMaster, em Hamilton, salientou que as conclusões do ICES são valiosas porque mostram como os fatores de risco podem mudar ao longo do tempo.

“Nós todos estamos cientes de que certos grupos étnicos não-brancos estão em maior risco de diabetes e obesidade, e este trabalho é importante realmente para a próxima etapa, que é a forma de abordar a questão da prevenção”, afirmou Anand, que não esteve envolvida no estudo.

Tornar as comunidades mais tranquilas para incentivar a atividade física, aumentar a disponibilidade de alimentos saudáveis e continuar a reforçar políticas que desencorajam o tabagismo, estão entre as estratégias de intervenção apontadas para combater o problema.

Fonte: The Associated Press