ESTUDO REVELA QUE CRIANÇAS ESTÃO EM RISCO DE OVERDOSE DE OPIOIDES

Um estudo concluiu que as crianças, cujas as mães receberam uma prescrição médica de opiáceo, têm um risco mais elevado de serem internadas por uma overdose dos potentes analgésicos, na maioria das vezes por ingestão acidental.
“Não seria de todo surpreendente para uma criança de dois ou três anos de idade encontrar um comprimido e ingeri-lo”, disse David Juurlink, um cientista sénior no Instituto de Ciências Clínicas Avaliáveis que é coautor do estudo.
O estudo utilizou registos de saúde de 2002-2015 para identificar 103 crianças de 10 anos ou menos que foram tratadas num hospital do Ontário por causa de uma overdose e cujas mães tinham recebido prescrições financiadas publicamente para um opiáceo no ano anterior.
Cada caso correspondeu a uma comparação de risco com um grupo de controle – crianças que não haviam sofrido uma overdose de opioides e cujas mães haviam sido receitadas com um analgésico anti-inflamatório.
Os pesquisadores descobriram que as crianças cujas mães receberam um opioide tinham mais de duas vezes o risco de sofrer uma overdose em comparação com as crianças cujas mães foram colocadas em comprimidos anti-inflamatórios. A codeína, a oxicodona e a metadona foram a causa mais comum de sobredosagem de drogas.
Mais da metade das crianças tratadas por toxicidade de opioide tinham menos de dois anos de idade, incluindo nove bebés menores de um ano, segundo os pesquisadores, cujo estudo foi publicado na segunda-feira na revista Pediatrics.
Trinta e nove das crianças tiveram de ser internadas no hospital – 13 delas para unidades de cuidados intensivos. Nenhuma das 103 crianças incluídas no estudo morreu em resultado da sobredosagem.
Mas isso nem sempre é o caso, disse Yaron Finkelstein, um especialista em medicina de emergência no Hospital de Toronto para crianças doentes, que é também um coautor do estudo.
No geral, foram identificados mais de 700 casos de overdoses de opioides em crianças pequenas durante o período de estudo, mas os pesquisadores só conseguiram associar 103 deles, através do plano de benefício de drogas da província, a prescrições maternas.
Algumas dessas crianças no grupo maior acabaram por morrer, mas Finkelstein recusou-se a dizer quantas, por razões de privacidade.
Ainda de acordo com Juurlink, as conclusões do estudo sublinham a necessidade das pessoas que tomam opioides protegerem as crianças da exposição aos medicamentos.
E acrescentou que essa é também uma mensagem que os médicos e os farmacêuticos precisam enfatizar aos pacientes sempre que receitam uma dessas poderosas e potencialmente fatais drogas.
Fonte: Canadian Press