Mais de 160 sepulturas indocumentadas e não marcadas foram encontradas no local de uma antiga escola residencial. A informação foi dada hoje por uma Primeira Nação de British Columbia nas Ilhas do Golfo do Sul.
A descoberta é da tribo Penelakut que emitiu uma carta que dizia que mais de 160 túmulos foram encontrados no terreno da antiga escola residencial indígena Kuper Island Indian Industrial School, que estava localizada no que agora é conhecida como Ilha Penelakut.
A carta foi partilhada nas redes sociais pelas vizinhas Tribos Cowichan na Ilha de Vancouver e por outras Primeiras Nações locais.
A tribo Penelakut disse que está a realizar vários eventos no final de julho e início de agosto para consciencializar a comunidade e combater os traumas causados.
A Kuper Island Indian Industrial School teve a administração da Igreja Católica Romana entre 1890 até 1969, quando o Governo federal assumiu a administração. A escola foi fechada em 1975 e o prédio demolido na década de 80.
O Centro Nacional para Verdade e Reconciliação da Universidade de Manitoba lista os nomes de 120 alunos que morreram enquanto frequentavam a escola da Ilha Kuper.
De acordo com o mesmo Centro, uma pesquisa realizada em 1896 revelou que de 264 ex-alunos, 107 morreram.
Em 1959, duas irmãs morreram afogadas enquanto tentavam escapar da escola, diz o Centro, enquanto outra estudante cometeu suicídio em 1966. Uma ex-funcionária declarou-se culpada em 1995 de três acusações de agressão.
Steve Sxwithul’txw, um membro da Tribo Penelakut, disse à imprensa canadiana que foi para a escola da Ilha Kuper em 1970 quando tinha cinco anos. Vários outros membros da mesma família foram enviados para lá antes dele, disse ele, incluindo a já falecida mãe
Uma marcha pelas crianças mortas vai ser realizada a 2 de agosto em British Columbia, em Vancouver Island.
A informação que chega da Ilha de Penelakut vem depois de descobertas semelhantes terem sido relatadas em terras de antigas escolas residenciais de todo o Canadá.
Cerca de 150 mil crianças das Primeiras Nações, Metis e Inuit foram enviadas à força para escolas residenciais, onde muitas sofreram abusos. Uma pesquisa que está ainda em vigor pelo Centro Nacional para a Verdade e a Reconciliação mostra que pelo menos 4100 morreram nas escolas por abandono.