ENTRE A ESPADA E A PAREDE

Entre várias contestações, até a primeira secretária da embaixada da Ucrânia no Canadá, Natalia Goloub, publicou na sua página do facebook que já não fazia mais parte do grupo de funcionários do Estado ucraniano, contestando, desta forma, a violência imposta pela polícia na Praça da Independência, em Kiev, contra os manifestantes que se opõem à reaproximação do seu país à Rússia.

De facto a Ucrânia está entre a espada e a parede, ou seja entre reabraçar a Rússia, como nos tempos da União Soviética, ou virar-se para o Ocidente e preparar o futuro com a União Europeia.

Os interesses são múltiplos e os jogos políticos não olham a meios para conseguir objetivos. A Ucrânia libertou-se do eixo soviético, tal como todas as outras Repúblicas do Leste, em consequência da queda do muro de Berlim. Mas livrar-se da União Soviética, que desapareceu, não significou que escapasse aos interesses da Rússia. E o resultado é que um povo vive em sofrimento apenas porque os blocos mais poderosos não se entendem.

A União Europeia desenvolve, há muito, todos os esforços para aproximar a Ucrânia das normas de Bruxelas. Esteve previsto para o final do mês passado a assinatura de um acordo entre a UE e a Ucrânia. Mas na hora de dar corpo e projetar essa via, o Governo de Kiev decidiu cancelar tudo e relançar as relações económicas com a Rússia. Moscovo é o principal fornecedor de gás à Ucrânia e com a promessa de baixar custos e de renegociar a dívida, virou por completo as atenções políticas ucranianas.

Mas enquanto políticos, que se dizem representativos do povo, fazem e desenvolvem os seus jogos e interesses, o povo ucraniano veio para a rua e gritou bem alto a sua preferência pela aproximação à União Europeia. As cargas policiais têm sido brutais e o próprio chefe do Governo já pediu perdão e demitiu o chefe da polícia.

A pressão está toda naquela zona. A ex-primeira-ministra continua presa e da cadeia apela à libertação da Ucrânia; o povo sai à rua e é esmagado pelas forças policiais; o mundo protesta com todo o vigor e coloca o Governo ucraniano debaixo de fogo. Mas o Parlamento de Kiev está apontado noutra direção e os interesses sobre a exploração do gás falam mais alto. A Rússia quer impor até onde vão as fronteiras da UE. E assim vai o mundo, de volta à guerra fria.

A Direção