EMIGRAÇÃO

O diretor do Departamento de Migrações Internacionais da OCDE, Jean-Christophe Dumont, disse, recentemente, que a emigração qualificada portuguesa ainda é temporária e não afeta, por enquanto, a economia portuguesa. Tudo vai depender de fazer regressar as pessoas qualificadas e a vontade de quererem educar os filhos em Portugal.

Até ver, esta tendência pode aplicar-se a emigrantes que escolheram países onde se fala uma língua difícil e cuja integração é demorada. Naqueles em que a adaptação é perfeita, são os próprios filhos a dificultarem o regresso. E neste caso, a avaliação da OCDE deixa de fazer sentido e a economia de Portugal passará a ficar bastante afetada.

Portugal sempre foi um País de emigrantes. Fruto das dificuldades internas, das desproporções e desigualdades e, principalmente, por falta de oportunidades, muita gente de todas as idades sempre partiu à procura de melhores dias. Só que a diferença entre essa tradição e a realidade dos dias de hoje reside no facto de uma parte considerável das atuais saídas ser de jovens altamente qualificados e preparados em universidades portuguesas de renome internacional.

Quem emigra é quem trabalha. É o trabalho que gera a riqueza. E se quem trabalha sai, significa que se produz menos riqueza. E quem fica em Portugal são os poucos que trabalham e os muitos que pouco ou nada fazem.

As notícias mais recentes anunciam que estão a deixar Portugal cerca de 10 mil pessoas por mês. É muita força de trabalho e muita riqueza desperdiçadas. As estatísticas confirmam que na última década, os nascimentos de portugueses no estrangeiro aumentaram 15%. Em contrapartida os nascimentos em Portugal atingiram os mínimos de sempre e baixaram os casamentos e os divórcios e, claro, aumentaram os óbitos, porque a população está envelhecida.

Para a OCDE tudo ainda é normal. Portugal perde força de trabalho mas recebe receitas. Muitos portugueses mantêm o costume de amealhar no seu País de origem. Mas há que refletir sobre as condições em que esta nova emigração se poderá tornar positiva ou não para Portugal. Uma certeza existe: os jovens emigrantes de hoje são diferentes e as certezas de hoje podem ser as dúvidas de amanhã.

A Direção