E TUDO O TRUMP LEVOU

Nos finais do ano de 2015, representantes de 195 países conseguiram o primeiro acordo mais abrangente da História moderna e que ficou conhecido como o acordo de Paris. Tratouse do primeiro acordo universal tendo em vista a defesa do planeta. Na ocasião, todos consideraram o ato histórico, depois de quatro anos de exigentes negociações, entre todas as partes.

Os cientistas vinham avisando, desde há muito, da necessidade de se reduzirem as emissões de dióxido de carbono, de forma a limitar o aquecimento global. Desde o início da revolução industrial, as alterações climáticas já provocaram uma subida de 2 graus na temperatura média à escala mundial e em face disso não tardarão as inesperadas consequências catastróficas.

Se tudo fosse cumprido conforme o previsto no acordo de Paris, depois de 2050 já não se consumiriam combustíveis fósseis, tanto mais que o carvão vem registando um declínio, desde a década 50 do século passado. Portanto, em finais de 2015, o clima em Paris foi de festa com o sentimento de dever cumprido. O acordo internacional, com força legal a vincular todos os países, deveria ser ratificado até final de 2016.

Todos sabemos que os maiores poluidores do mundo são os Estados Unidos e a China. Juntos representam quase 40% das emissões globais para a atmosfera e numa demonstração de paz, boa vontade e de estreita colaboração para com a humanidade, os Presidentes, de então, Barak Obama e Xi Jiping fizeram questão de ratificar o tratado de Paris no mesmo dia e em conjunto e disseram que dessa forma queriam contribuir para que os restantes países, ainda em falta, apressassem os seus procedimentos para bem do planeta.

Tudo estava feito na melhor das harmonias. Os países mais ricos comprometeram-se a ajudar os países mais pobres e o que todos pretendiam era um mundo mais justo e mais limpo. Seria o melhor legado para as gerações vindouras, depois de tanto disparate e atrocidades cometidas contra o ambiente.

Quando tudo apontava no mesmo sentido, eis que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entende denunciar o acordo que era de todos e anunciou a saída do seu País porque é mais importante o emprego dos mineiros e a produção das fábricas norte americanas que ainda trabalham a carvão. As reações não se fizeram esperar e entre as mais duras críticas, conta-se a do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que se manifestou profundamente desapontado com a decisão de Trump.

Trudeau anunciou que o Canadá se manterá inabalável no compromisso de luta contra as alterações climáticas e no apoio ao crescimento económico sustentável. Todos os atuais líderes dos países mais industrializados reafirmaram também esse compromisso, incluindo a China que nesta matéria demonstra maior sensibilidade do que o poluente norte americano. Trump quer vender internamente a ideia de que cuidar-se do planeta é colocar em desvantagem a economia e os trabalhadores americanos. Vejamos até onde o deixarão ir e quais as consequências.

JP