
O ministro das Finanças, Bill Morneau, disse que o país está prestes a acumular mais 31,8 mil milhões de dólares na dívida nacional nos próximos cinco anos, em grande parte devido à “nova norma” de crescimento económico mais lento – mesmo quando anunciou a criação de um novo Banco de infraestrutura para compensar a queda.
Morneau divulgou um comunicado económico de outono, na terça-feira, com novas projeções que preveem que o tesouro irá gerir um total de 114,9 mil milhões de dólares em défices entre 2016-17 e 2020-21.
Em comparação, o orçamento federal da última primavera previa que o governo iria gerir défices de 83,2 mil milhões de dólares no mesmo período.
A atualização de outono de Morneau também somou mais um ano no final da sua previsão – um défice de 14,6 mil milhões de dólares em 2021-22.
Ele não previu quando as contas públicas do governo voltariam ao equilíbrio.
A declaração económica, que Morneau apresentou na Câmara dos Comuns, também continha várias novas medidas, incluindo milhares de milhões de dólares em gastos com a infraestrutura de longo prazo, a criação de um banco de infraestrutura projetado para atrair capital privado, um programa destinado a atrair imigrantes talentosos para o Canadá e a criação de um «hub» com um mandato para atrair mais investimento estrangeiro.
A declaração continha muito pouco em novas despesas nos próximos cinco anos, como é típico para uma atualização das perspetivas económicas do país, nesta altura do ano.
As iniciativas anunciadas somam-se aos compromissos existentes do governo para investir milhares de milhões de dólares em medidas, incluindo infraestrutura e cheques de benefícios infantis reforçados, que dizem que ajudarão a levantar a economia fraca.
Morneau afirmou em conferência de imprensa que com todas as medidas, o governo está a posicionar o Canadá para ter sucesso no longo prazo.
Quando questionado sobre a falta de um cronograma da perspetiva de equilibrar as contas públicas, Morneau insistiu que o governo iria gerir os défices de forma “fiscalmente responsável”.
As projeções para défices mais profundos e a falta de uma previsão de equilíbrio das contas públicas, certamente atrairão críticas de opositores políticos e alguns economistas.
Os liberais venceram a campanha eleitoral do ano passado com base numa plataforma que prometia défices anuais de não mais de 10 mil milhões de dólares ao longo dos próximos dois anos, de modo a lhes permitir gastar milhares de milhões de dólares em projetos de infraestrutura como forma de dar um impulso à economia em dificuldades. Os liberais também haviam prometido equilibrar as contas públicas até 2019-2020.
Mas os liberais mais tarde culparam as condições ainda mais fracas para uma previsão revista no orçamento de março de cinco défices anuais seguidos. A perspetiva na terça-feira prevê um sexto défice.
Muitos especialistas globais, incluindo o Fundo Monetário Internacional, aplaudiram a decisão do Canadá de tentar gerar crescimento através de investimento governamental extra, particularmente porque este carrega uma carga de dívida muito menor do que a maioria dos seus pares industrializados.
Os números atualizados de Morneau agora preveem um défice neste ano de 25,1 mil milhões de dólares – um pouco maior do que os 23,4 mil milhões de dólares projetados no orçamento da primavera passada. Estes valores não incluem o ajustamento previsto para o risco.
O défice deverá aumentar para 27,8 mil milhões de dólares em 2017-18.
Por enquanto, o governo eliminou o fundo de contingência anual de 6 mil milhões de dólares que havia incluído no orçamento de março para cobrir problemas inesperados. A medida contabilística faz com que os números do défice do governo pareçam mais magros.
Espera-se que o défice diminua gradualmente nos próximos anos para 14,6 mil milhões de dólares em 2021-22, sem incluir quaisquer provisões reservadas para um período de crise.
Entre as medidas anunciadas na terça-feira, Otava está a estabelecer uma estratégia global de competências que vai acelerar as licenças de trabalho e vistos para os trabalhadores estrangeiros.
Morneau também diz que o banco de infraestrutura terá 35 mil milhões de dólares em capital inicial, destinados a alavancar o investimento do setor privado e estimular o crescimento.
O governo também está a criar um novo Centro de Investimentos no Canadá para atrair investimentos estrangeiros. Este vai relaxar um pouco as restrições de investimento estrangeiro – rever as regras de segurança nacional e mover o limiar para a revisão de aquisições estrangeiras para mil milhões de dólares a partir de 2017, dois anos antes do previsto.
Em outras medidas, o governo procura fortalecer a independência do chefe de estatística e do Diretor de Orçamento Parlamentar, que se tornará responsável apenas perante o Parlamento, com todos os privilégios que isso implica, e não o «Library of Parliament».
Fonte: Canadian Press