De volta à estaca zero

Correio da Manhã Canadá

Se o primeiro-ministro Justin Trudeau queria testar a própria popularidade, devido aos acertos do seu Governo na condução do país no período da pandemia, ao antecipar as eleições em dois anos, bateu com o nariz na porta.

Mesmo conseguindo garantir o poder para os liberais por mais quatro anos, a vitória de ontem – ainda a ser confirmada pelo Elections Canada – não pode ser celebrada com euforia – no máximo com um forte suspiro de alívio, pois o risco de derrota não estava descartado. Trudeau encolheu ligeiramente o número de aliados, teve de assistir ao crescimento, mesmo que também ligeiro, do principal opositor, o Partido Conservador. E agora, mais do que nunca, vai depender da boa vontade do NDP que ‘garfou’ mais novos assentos em Ottawa. Não será fácil!

Os próximos quatro anos vão exigir do Governo Liberal atitudes incisivas para a recuperação económica do país. A inflação tem dado sinais de que será um dos péssimos efeitos colaterais da pandemia, o desemprego ainda preocupa e a conta dos gastos para socorrer empresas e empregos corroídos pelo coronavírus poderá ser muito pesada. Tudo vai depender das negociações entre os eleitos neste 20 de setembro. O Bloc Québécois, que continua com um número razoável de representantes, já tinha prometido ajudar o partido com mais assentos.

Mas, será que vai mesmo? O NDP costuma atirar pedras, mas tem, na verdade, mais pontos em comum com os liberais, embora apresente sempre uma fatura indigesta pelo seu apoio. Trudeau é novo e impulsivo. Vai precisar de renovar as energias e ter mais foco nos próximos passos.

O eleitorado canadiano, mais uma vez, deu-lhe um aviso: gostamos de si, mas não assim tanto, e a prova disso é que as correntes da oposição ficaram ainda mais fortes.