

Uma Comissão das Nações Unidas aderiu ao coro de críticos que dizem que o Canadá deve estabelecer um inquérito nacional sobre as mulheres indígenas desaparecidas e assassinadas.
Segundo a notícia avançada pela CBC News, a Comissão para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher indicou que o Canadá tem violado os direitos das mulheres indígenas ao não investigar minuciosamente por que estas são alvos de violência.
O organismo está a juntar a sua voz aos pedidos doméstivos para um inquérito (nacional), que o governo de Harper tem dito repetidamente não ser necessário.
“Este é um relatório extremamente importante para o Canadá”, afirmou Dawn Harvard da Associação das Mulheres Nativa do Canadá (NWAC), em comunicado à imprensa.
O relatório da Comissão, divulgado no dia 6 de março, apontou que a polícia e o sistema de justiça não conseguiram proteger eficazmente as mulheres aborígenes. Este sublinha que as mulheres indígenas enfrentam graves e sistemáticas violações dos seus direitos.
“As mulheres e raparigas indígenas são mais propensas a ser vítimas de violência do que os homens ou as mulheres não-indígenas, e mais propensas a morrer, em resultado disso”, salienta o relatório.
Governo canadiano discorda
A resposta formal do Canadá à Comissão foi de não concordância com a conclusão de que tenha existido qualquer violação e rejeitou o pedido de um inquérito.
“O Canadá disse à Comissão que se “opõe fortemente” ao desenvolvimento de um plano de ação nacional”, mencionou Shelagh Day, da Canadian Feminist Alliance for International Action (FAFIA).
“Mas a Comissão recomenda que o Canadá estabeleça um inquérito público nacional, a fim de desenvolver um plano nacional de ação integrado, e um mecanismo de coordenação para implementação e monitorização do mesmo. Presentemente, este é um passo claramente necessário”, enfatizou Day, através de um comunicado à imprensa.
Perry Bellegarde, Assembly of First Nations National Chief, deu eco a essa declaração: “A perda de quase 1.200 mulheres e raparigas indígenas não é um problema indígena, é um problema canadiano.”
“Nós continuamos a pressionar por um inquérito nacional que identifique as causas profundas da violência, e para uma ação coordenada entre todas as jurisdições, de modo a prevenir e combater a violência contra as nossas irmãs, mães e filhas.”
Os membros da Comissão Niklas Bruun e Barbara Bailey visitaram o Canadá em 2013, para conduzir uma investigação confidencial sobre as denúncias de violência junto das mulheres e raparigas indígenas.
Eles sustentaram que as raízes do problema são profundas. “A violência infligida às mulheres indígenas está muitas vezes enraizada nas profundas desigualdades socioeconómicas e discriminação que as suas comunidades enfrentam e que remontam ao período da colonização”, afirmaram Bruun e Bailey.
A Comissão é composta por 23 especialistas em direitos humanos independentes e supervisiona a implementação da Convenção da ONU para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, em países que a ratificaram.