CRISE OU AJUSTE

Quando no início de setembro de 2008, há precisamente 7 anos, foi declarada a falência do Lehmans Brothers, com uma história existencial de 158 anos, foi dado o primeiro sinal do colapso e da desconfiança. Dos Estados Unidos para o resto do mundo ocidental foi um instante o desenrolar da crise. Muita coisa mudou e houve quem se tivesse de adaptar a novas realidades e preparar-se para enfrentar o futuro, diferente e com novas regras de exigência.

Nesse mesmo ano, a China anunciava um crescimento económico de 13%, o que refletia uma nova visão e esperança no outro lado do mundo. A Ásia passaria a ser o continente do século XXI e muitos países moldaram as suas economias a partir do modelo chinês e autoproclamaram-se de nações emergentes, como se estivessem à margem de um mundo envelhecido, cansado e pautado pelas desgastadas orientações ocidentais.

Hoje, passados 7 anos, a China abrandou o seu crescimento. Deixou de importar determinadas matérias-primas como o fazia anteriormente, influencia à sua maneira a queda do preço do petróleo e não só, e arrastou os designados países emergentes para uma crise que os vai obrigar a redefinir as suas economias. As alterações registadas ao nível do consumo interno e do movimento das exportações, contribuíram, fortemente, para a desaceleração da economia chinesa, o que em certa medida veio modificar muitas das regras e modelos pré-estabelecidos.

A China representa 16% da economia mundial, é o País mais populoso e é o terceiro maior importador. Desde a era de Deng Xiaoping, há quatro décadas, foram iniciadas e incrementadas profundas reformas na economia. Embora o País prossiga politicamente sob o regime de Partido único (comunista), o sistema económico evoluiu como ninguém poderia prever, sob o desígnio de um regime e dois sistemas. A China habituou o mundo a níveis de crescimento impressionantes e que hoje se revelam esgotados. Em consequência, o pânico chegou às bolsas mundiais e por todo o lado foram anunciadas perdas astronómicas, só possíveis pelos também recentes lucros desajustados da realidade.

O que vai acontecer no futuro próximo será mais outro exercício para políticos e economistas desvendarem. A crise chinesa está a provocar um arrefecimento em todas as economias, mas apesar disso, há quem consiga já vislumbrar os caminhos a seguir nos tempos que se seguem. Os últimos anos foram essenciais para se perceber melhor o fenómeno da globalização e o Ocidente parece ter capacidades de recuperação do pânico chinês e mostra dados positivos que apontam, não para mais uma crise mas sim para um ajuste das economias.

A Direção