CORTES BAIXAM CIRURGIAS DE CANCRO

Em 2012, houve menos doentes com cancro operados no sector público (Foto de Eric Gaillard/REUTERS)
Em 2012, houve menos doentes com cancro operados no sector público (Foto de Eric Gaillard/REUTERS)
 Em 2012, houve menos doentes com cancro operados no sector público (Foto de Eric Gaillard/REUTERS)

Em 2012, houve menos doentes com cancro operados no sector público (Foto de Eric Gaillard/REUTERS)

Pela primeira vez registou-se uma diminuição no número de cirurgias oncológicas e verificou-se um agravamento dos tempos de espera. Ao todo, em 2012, realizaram-se 41 705 cirurgias no tratamento do cancro, menos 291 em relação a 2011. Os cortes no financiamento aos hospitais, que se reflectem numa carência de especialistas necessários para o funcionamento de um bloco operatório, é uma das justificações para o problema. As cirurgias oncológicas com maior quebra foram as do cancro da pele, próstata, cólon e reto.
Os dados constam Do Relatório da Capacidade Instalada em Oncologia nas Unidades Hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, divulgado ontem pelo Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, da Direção-Geral da Saúde. Nuno Miranda, coordenador do programa, afirmou ao CM que a redução do financiamento “pode justificar” a diminuição da actividade cirúrgica oncológica. Mas não só. Segundo o responsável, o aumento de pessoas que fazem quimioterapia e radioterapia antes da cirurgia também justifica o desvio de doentes.
“Mais do que reforçar o financiamento, é necessário um maior controlo da situação”, salientou Nuno Miranda.
O oncologista Jorge Espírito Santo explica que há situações em que as cirurgias não são realizadas porque falta um membro da equipa cirúrgica. Segundo o especialista, a diminuição das cirurgias oncológicas também poderá ser explicado como aumento da atividade no privado. Outro dado do relatório tem a ver como facto de alguns grandes hospitais recusarem o tratamento oncológico a doentes porque residem fora da área de influência. Quanto à quimioterapia, continua a haver centros com pouca atividade, menos de mil sessões por ano. Os custos com os medicamentos para o cancro baixaram nos hospitais públicos, o que é justificado pela maior negociação com a indústria farmacêutica.
Segundo o relatório, o consumo de medicamentos no internamento baixou em 2012. O número de embalagens passou de 20,3 milhões para os 20,2 milhões. A media do tempo de espera para cirurgia aumentou, cifrando-se agora em 31 dias, enquanto em 2010 era de 22 dias.