CONQUISTADORES

Precisamente hoje, o historiador britânico Roger Crowley apresenta, em Lisboa, no Padrão dos Descobrimentos, a sua mais recente obra, em que descreve, pormenorizadamente e de forma bem fundamentada, a forma como Portugal criou o primeiro império global. Esta obra já foi citada no jornal Finantial Times por ser considerada de largo interesse científico e ajudar a perceber melhor o mundo moderno.

O autor não se inibiu de considerar a cidade de Lisboa do século XV como o Silicon Valley dessa época.

Ao contrário de outros povos, os portugueses tiveram um verdadeiro programa científico sobre os Descobrimentos, em que se estudava e desenvolvia o conhecimento mais avançado nesse momento. Isto é tanto importante que a NASA, ao avançar com um programa espacial de longa duração, inspira-se cada vez mais no caso português e nos sucessivos avanços que os nossos navegadores conseguiram alcançar na descoberta do caminho marítimo para a Índia.

O programa científico português começou com o Infante D. Henrique, hoje reconhecido em todo o mundo como o grande impulsionador da primeira versão da globalidade. Desde 1415, data da conquista de Ceuta, até 1498 ano da chegada de Vasco da Gama à Índia, tudo obedeceu a uma estratégia que foi muito bem seguida e impulsionada pelo rei D. João II, um visionário para a sua época.

Tal como Roger Crowley descreve, a viagem de Colombo ao continente americano não obedeceu a nenhuma estratégia desenvolvida pelos
espanhóis. Antes, foi fruto do acaso e considerado mais tarde como o grande equívoco, pois Colombo nunca chegou à Índia, como pretendia
e se convenceu. Designou os nativos de índios e assim ficaram porque desfeito o equívoco, os espanhóis resolveram chamar à América, as Índias Ocidentais.

Segundo Crowley, os Descobrimentos portugueses estão a atrair, cada vez mais, muitos historiadores de todo o mundo, pois há uma certeza em que todos estão de acordo: Portugal foi quem liderou e há muita matéria de investigação para estudar. Hoje discute-se por que razão os chineses foram derrotados em Calecute e os portugueses conseguiram estabelecer, naquelas paragens, vários pontos comerciais.

Portugal não foi mais longe porque a sua História foi interrompida pela ocupação espanhola e também porque não tinha população suficiente que acompanhasse um empreendimento de tamanha envergadura. Foram outros que continuaram, como são os casos dos ingleses e holandeses. Mesmo assim, muita curiosidade vai ser desvendada no futuro, com novas revelações sobre os acontecimentos dos séculos XV e XVI. Quiçá, a descoberta do Canadá, cujas investigações começam a descrever os portugueses como os primeiros navegadores a pisar solo da Terra Nova.

A Direção